Ela não conseguia dormir de terça pra quarta. Por mais que tivesse certeza da vitória, não sabia, ou havia esquecido, e sentia os calafrios que ser Flamengo na véspera de um jogo decisivo proporciona.
Um verdadeiro rubro-negro não se contenta em torcer pro Fla, apenas. Ele precisa ser, viver o Flamengo.
Ela não queria falar em outro assunto, tinha medo de "perder o foco". Tentava relaxar, se concentrava, como se fosse entrar em campo.
Para ela, o Flamengo não vive uma guerra dividida em batalhas, e sim uma a cada jogo. E fora do campo, mas bem perto dele, ela luta, porque tem uma missão a cumprir.
Ela sabia que eles, os outros, tinham um time melhor. Portanto, mesmo com um seco "dane-se" a cada vez que a superioridade adversária era mencionada, ela sabia que, nesta noite de quarta-feira, o sucesso de seu Flamengo dependia também, e principalmente, dela.
E por isso ela, a Nação, invadiu o Maracanã e tomou conta de 75% do estádio.
Ela não parava. Eles não conseguiam respirar, ela não deixava.
O jogo era em campo neutro. Ela o transformou em jogo em casa.
Às vezes, quando não está tão inspirada, ela "apenas" faz sua parte.
Quando quer, ela faz a diferença.
Dessa vez, ela fez.
E quando isso acontece, não há nada que o outro lado possa fazer para rabiscar o roteiro que ela escreve.
Os outros, que buscaram bravamente a sobrevivência, foram esmagados. O Maraca, de novo, foi dela.
Assim, nada mais justo e natural que o massacre na arquibancada fosse o espelho do que aconteceria em campo.
Aconteceu.
E então ela foi pra casa feliz, satisfeita, realizada, porque de novo seu esforço foi recompensado, e mais uma vez levou seu Flamengo ao êxito.
Ela, a Nação Rubro-Negra, dorme então tranquila esta noite, que aliás também foi dela.
Noite em que ela e o Flamengo tinham uma missão.
Missão cumprida.
Pelo Flamengo, pela Nação.
@_LeoLealC