06 dezembro 2014
Aconteceu em 2009: Traidores tricolores salvos por um Magro de Aço
Era dia 06 de dezembro, o palco era o Maracanã. Flamengo e Grêmio se enfrentavam no jogo que poderia dar o título brasileiro ao rubro negro, tirando-o da fila de 17 anos.
O Grêmio não tinha nada a buscar no Campeonato que não fosse entregar o jogo e tirar o título do maior rival Inter. O Tricolor Gaúcho estava proibido pela sua torcida de vencer o jogo. Seria uma das maiores tragédias do Imortal ver um certo povo de vermelho comemorar o tetra à beira do Rio Guaíba por sua causa.
Para o povo tricolor, era um dos jogos mais importantes do ano, mesmo que a equipe estivesse apenas cumprindo tabela naquela última rodada. Sem ter noção disso, o técnico tomou uma das decisões mais equivocadas de sua vida e escalou um time de garotos.
Ele não parou pra pensar que o time principal, já de "férias", faria a vontade da torcida, não colocaria o pé em nenhuma dividida e daria o título ao Flamengo sem sustos. Ele não percebeu que um time de meninos começando a vida no futebol ia correr e dar o máximo nos 90 minutos pra mostrar serviço e buscar vagas no time para o ano seguinte.
Ele não sabia o risco que estava correndo.
No meio de 84 mil rubro-negros naquele Maraca, via-se uns 4 ou 5 gremistas. Entre estes estava Aribaldo, gaudério nato, do chimarrão de cada dia. O sujeito era gremista até o fígado, jurava ter sangue azul e que o Grêmio estava acima de tudo, até do Grenal.
Ele jurava estar torcendo pela vitória de seu time, mesmo sabendo das consequências. Tentava se convencer disso.
Mas bastou o careca do apito dar início à peleja e os inocentes tricolores começarem a dar suas vidas em campo para que o cidadão sentisse algo diferente.
Por que o alívio com uma defesa do Bruno? Cadê a empolgação no escanteio do seu time?
Gol, Roberson. Onde está o soco que Aribaldo sempre aplicava ao ar por alegria com um tento de seu Grêmio?
Ele lamentou. E vendo a imperdoável vontade dos meninos contra um apático Flamengo, decidiu conformar-se, sentar-se na cadeira e escrever algo em tom de rancor e decepção para sua coluna diária do jornal de sua cidade:
" Caros meninos,
Oh, filhos da imortalidade, vocês já estão grandes demais para que precisemos explicar que não exigimos que vocês joguem bola, deem show e nos torne plateia de um teatro.
Nosso único pedido é que honrem e representem o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense. E dentro disso, consta algo obrigatório: nunca, NUNCA exalte ou favoreça os vermelhos.
Se vocês querem mostrar serviço ao comandante, que fizessem-no nos treinos, em outros jogos, onde e quando quiserem, mas não hoje.
Eu também detesto o Flamengo, às vezes até esqueço a parte preta da camisa deles. Tenho 1982 engasgado até hoje, mesmo com a vingança de 97. Mas dessa vez, era preciso que colaborássemos com os malditos rubro-negros.
E vocês sabiam disso, sim.
Vocês, jovem traidores, fizeram de tudo para que fôssemos cercados pela alegria da metade imunda do estado. Com isso, contribuíram para uma das maiores tragédias de nossa história imortal.
Que vocês sejam despachados e proibidos de pisar novamente no solo fértil do Olímpico Monumental. E que de forma alguma voltem a vestir o maior pano tricolor deste planeta em suas vidas.
Vocês não merecem.
Nós somos Grêmio, vocês são apenas jogadores. E não entenderam do que somos parte.
Traidores! Eu nunca os perdoarei."
Mas para o alívio de Aribaldo, ele estava precipitado e nunca precisou publicar este artigo. Mesmo com a mal-criação dos meninos, um sortudo Flamengo chegou à vitória, ao título e o fez sair dali aliviado, pois seu time havia feito sua parte, mesmo com uma baita teimosia.
Marcelo Grohe, Douglas Costa e Mário Fernandes - três que já chegaram à Seleção Brasileira - devem agradecer diariamente ao presente dos deuses do futebol pelo sucesso na carreira sem que qualquer fardo fosse carregado pra sempre.
Este presente veio do Nordeste, mais precisamente da terra de Pádim Ciço para salvar a pele, a carreira e até a vida de jovens gaúchos.
Hoje, os gremistas não perdoam a traição de um certo Ronaldo.
Ronaldo... Que Ronaldo?
Para Aribaldo, milhões de tricolores gaúchos e 11 inconsequentes traidores, desde aquele dia só há um Ronaldo.
Cujo sobrenome é Angelim.
O Magro de aço.
Que, há 7 anos, se tornou imortal. Dos dois lados
@_LeoLealC
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