08 fevereiro 2017

Varzeanos, tucumanos, heróis


Sim, pode ter sido amadorismo, desorganização, bagunça, várzea ou qualquer outro termo que pseudo-especialistas enchem a boca e o caps lock pra cuspir na cara de quem só quer se divertir com o acontecimento.

Também sei que o futebol e a Libertadores não precisam disso para criarem histórias e emocionarem.

Mas ontem foi necessário.

Fosse esta classificação conseguida em ocasiões normais, seria inesquecível apenas para eles, que disputam sua primeira Liberta. Acontecendo após problema no voo, atraso de quase 2 horas, uniforme emprestado e pressão externa boa vontade do adversário para esperar, fica para a história da competição.

Querendo ou não, da forma mais bizarra, tudo que ocorreu nos momentos antes da bola rolar atraiu o interesse de muitos que estavam defecando e caminhando para a partida. Sendo assim, muitos tiveram a sorte de assistir ao vivo um conto que aterriza na eternidade.

(Por sinal, a maior glória conquistada pela camisa da Argentina no século XXI).

As normas, em tudo na vida, são feitas para organizar. As exceções, principalmente no futebol, surgem para criar as lembranças.

A única coisa que a Libertadores faz questão de manter organizada é seu livro de poemas em guerrilha, que a cada ano se aproxima um passo do infinito. E nele, um capítulo especial estava guardado para Quito, em 2017.

Foi escrito pelo caçula, que debutava suas glândulas sudoríparas no torneio mais humano desse planeta. Este, por sua vez, já se intitulando herói, o transformou numa deliciosa epopeia.

O atraso se tornou vaga, o bom moço foi castigado, cruelmente, como adora a autora da obra. A camisa manteve as cores, só mudou o distintivo. A vergonha de um mata-mata decidido por WO preferiu se transformar em um dia para sempre.

O sabor das lágrimas ainda é mais valioso que a pontualidade.

E dessa vez, o gosto foi de milagre.

Twitter: @_LeoLealC

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