13 dezembro 2013

Quase

Estava na mão. Seria praticamente um crime dizer que o Botafogo ficaria fora da Liberta em setembro, por exemplo. Até cogitar o título brasileiro não era nenhum absurdo.

Mas aí o time que poderia ser líder do Brasileirão me perde pra Bahia, Ponte Preta e empata com a Portuguesa, tudo no Maracanã.

Ele comemorou. Ele, o pessimista, que não vai ao estádio e torce pra que tudo dê errado apenas pra dizer: "Eu falei, com esse time não dá! Quer que eu pague ingresso pra ver isso?"

O botafoguense tem calafrios com a palavra "quase". Este botafoguense, citado acima, tem prazer ao ouvi-la.

E na última rodada, estava tudo certo para que o quase se repetisse. Mas aí 30 mil resolveram não seguir mais os conselhos deste azedo alvinegro e foram fazer a festa no Maracanã, mesmo não dependendo só de si e torcendo para um resultado improvável, "quase" impossível.

Mas ele aconteceu.

O pessimista que não quis ir porque não queria pagar pra "ver este time", se arrependeu e lamentou não estar lá, pois viu que um Maraca lotado faz sim a diferença.

O Glorioso estava quase lá.

Só sendo o Botafogo para ter que secar uma equipe já rebaixada e torcer assiduamente para um argentino para que as coisas deem certo.

E no dia 11/12/13, o argentino faturou e o Alvinegro chegou lá.

De tanto medo do "quase", o Botafogo quase ficou no quase.

Depois de ficar ausente, abandonar seu time durante a campanha e criar no craque do time um vilão que não existiu, o botafoguense viu seu time conseguir algo que há 18 anos não conseguia.

E para você, que não foi a nenhum jogo e torceu para que o final fosse infeliz apenas para encher a boca e expressar uma falsa razão que justificasse seu abandono, tenho uma péssima notícia:

O Botafogo está na Libertadores-2014.

@_LeoLealC

10 dezembro 2013

Consequências



Antes de mais nada, adianto aqui que falarei de futebol. Nada de julgamento ou papelada, apenas futebol. Preparei tudo que vocês lerão abaixo antes de saber de qualquer problema com jogador da Lusa.

E sinceramente, o STJD que se dane.

Pois bem, vamos lá...

Abel tinha um elenco sensacional pra comandar. Mesmo com um padrão de jogo não muito bonito de se ver, os talentos individuais poderiam chamar pra si e resolver a qualquer momento.

Eles resolveram. Fluminense campeão brasileiro de 2012.

Abelão incontestável, continuou. Nada contra ele, mas Fred, Welligton Nem, Thiago Neves, Deco e Jean, com excessão do Thiago todos em fases primorosas, fariam até de Adilson Batista um bom técnico.

Até que o que dava liga passou a não funcionar. Para piorar, Nem e Thiago Neves foram embora.

A bola parou de entrar e a culpa passou a ser de Abel. Então ele foi demitido e todos defenderam que era a melhor coisa a se fazer.

Desolado, Sóbis olha para o bando de reservas: Fluminense rebaixado Foto: Marcelo Carnaval / Agência O GloboChegou Luxa pra arrumar o barraco. Arrumou, por pouco tempo, mesmo com a lesão de Fred e a aposentadoria de Deco. Mas sem eles, somando também às perdas de Bruno e Carlinhos, uma hora a casa ia cair.

Caiu. E o cara que deu ao agora fraco time do Flu o único advento de bom futebol na temporada foi o culpado da vez.

Aí chegou a hora dos mesmos que pediam a saída do Abel no início, de repente concordarem que demitir o técnico campeão foi o maior erro do Flu.

Tão fácil mudar a opinião quando é evidente que tudo está errado, né?

Abel foi prejudicado, sim, com perda de peças e um time relaxado que depois da eliminação na Libertadores não tinha vontade de buscar mais nada. Ponto.

Mas e se Fred não se contundisse, Deco não fosse pego no dopping e pelo menos um dos laterais também não se lesionasse? Luxemburgo, talvez, daria certo e sua contratação, então, seria elogiada como a "coisa certa".

Na base do achismo, não houve solução.

O incêndio nunca é culpa do bombeiro. Ele está lá para, da forma que puder, tentar apagá-lo.

Dorival não podia. Com copinhos d'água, sem extintores, impossível. 

O problema não foi Dorival, Luxa, Abel, nem sua demissão. Talvez tenha sido o planejamento, mas quando nada dá certo, isto se torna óbvio, sem contar o clichê em mencioná-lo toda vez que um grande é rebaixado. Existem coisas mais complexas por trás de tudo.

O Fluminense ganhou praticamente tudo entre 2010 e 2012. Faltava a Libertadores. E numa pane em 45 minutos no Paraguai, ela foi por água abaixo. Ali, o ano havia acabado.

Restava o Brasileirão, que o campeão de duas das três edições anteriores não entraria talvez com a motivação necessária. Eles relaxaram, pois sabiam que neste ano bastava não passar vergonha.

Aí sim, chegamos ao maior erro.

Eles tiveram a certeza que cair era impossível. Em 12º, falavam em G4. Acharam que quando se aproximassem do perigo, sairiam quando "fizessem força".

Mas o risco chegou, quando não havia mais força. E quando se deram conta, precisavam de um milagre, que desta vez, não tiveram.

Faltou consciência. Se o Flu a tivesse, ninguém falaria em Luxa, Abel ou planejamento.

O pecado foi um erro bobo, que acharam que não daria em nada, mas que no final saiu muito caro.

Acontece.

Desta vez, aconteceu com o Flu, que se buscar a tal consciência, cumpre tranquilamente sua obrigação e volta pra Série A com o pé nas costas.

Até 2015, Fluzão. Volte logo.

Ah, e sem tapetão!

@_LeoLealC

09 dezembro 2013

Ela não entrou


Vasco e Corinthians empatavam em 0 x 0. Aí Alessandro tentou lançar uma bola e foi interceptado por Diego Souza, que então tinha 50 metros para correr até o gol e deixar o Cruzmaltino a 4 jogos do topo do América.

Restariam 4 times, e dentre eles, o Vasco era quem tinha mais cara de campeão. Era pra esclarecer que 2011 não havia sido acaso e que o time que 3 anos atrás estava na Série B se reergueu de verdade.

Otávio, vascaíno ferrenho, nervoso como estava, não aguentou o tranco e desmaiou ao se deparar com a chance aos pés de seu time, ficando inconsciente por bastante tempo.

Seu corpo desligava, mas sua mente ainda procurava o Pacaembu, sem querer se desconectar de forma alguma da partida. Assim, o rapaz teve um sonho lindo.

Otávio sonhou que Diego Souza carregava a bola até a área, driblava Cássio e deixava o Vasco a um passo da vaga.

O Corinthians, precisando então de 2 gols, pressionava, encurralava, mas não conseguia reverter. O Gigante da Colina, então, chegava às semifinais para enfrentar o Santos.

E depois de um 2 x 0 convincente em São Januário, o Cruzmaltino segurava o 1 x 1 na Vila Belmiro, chegava à final e ficava a 2 jogos da conquista.

Vinha então o Boca Juniors. Com um gol de Riquelme, aos 46 do segundo tempo, os argentinos venciam o primeiro jogo por 1 x 0, na Bombonera. A decisão ficaria para São Januário.

Depois de um jogo amarrado, o Boca tinha um pênalti aos 38 da 2ª etapa para sacramentar a conquista e levar o caneco. Mas Fernando Prass, aquele que não pega pênalti, defendia o chute de Riquelme e alimentava o pouco de esperança que ainda restava.

45 minutos, falta. Juninho, no sacrifício, vindo de uma torção no tornozelo, havia entrado no segundo tempo no lugar de Felipe, que como de praxe, havia reclamado com Cristóvão e ido direto para o vestiário.

Juninho então pegava a bola, mandava no ângulo, explodia São Januário e levava para os pênaltis.

Chegava a hora do goleiro "que não pega pênaltis" decidir. E ele defendia mais dois, dando o título pro Vasco da Gama. São Januário, em chamas benignas, gritava sem querer saber de documento algum da Conmebol: "Tricampeão!".

A América estava aos pés da Colina. O Vasco era o dono do futebol sul-americano. Chorando, milhares de apaixonados pensavam estar "vivendo um sonho".

Otávio estava no Caldeirão. No auge da felicidade, resolvia descer para pisar naquele gramado e depois andar por lá de joelhos.

Mas na hora de subir o alambrado, tropeçou e caiu. No susto, acordou.

Então ele viu o placar "COR 0 X 0 VAS" e se tocou que estava sonhando e que Diego Souza não havia feito o gol.

- Mas como assim? Ele estava ali, na frente do gol. 

Para a tristeza de Otávio, o gol não havia saído. E num escanteio aos 42 do segundo tempo, Paulinho faz de cabeça e o menino começa a viver um pesadelo real.

2012 foi passando e o Vasco entrando numa crise que teria seu estopim agora. Em todo momento em que ela se agravava, Otávio pensava: "E se aquela bola entrasse?".

O Vasco foi despencando, vendendo suas melhores peças e dando cada vez menos esperanças de chegar a algo grandioso agora, em 2013. Mas "e se aquela bola entrasse"?

Chegou o dia 08 de dezembro. Otávio e milhões de vascaínos acordaram sabendo que era o dia de evitar a segunda decepção máxima em 5 anos. Coisa que talvez nem seria pensada, "se aquela bola entrasse".

A bola rolou e com 4 minutos veio o primeiro golpe. Otávio, buscando se conformar com o inevitável, lembrou do momento de seu desmaio e novamente lamentou: "E se aquela bola entrasse?".

Numa humilhação à instituição Vasco da Gama, tanto dentro quanto fora de campo, não se pôde evitar o vexame.

Otávio, que havia desmaiado nas nuvens, acordou e viu seu time, aos poucos, chegar novamente ao inferno.

Até 2008, "time grande não cai". A partir dali, "voltamos pra ficar".

Não ficaram.

O Vasco, de novo, está na Série B.

"E se aquela bola entrasse?"

Se.

Ela não entrou.

@_LeoLealC

02 dezembro 2013

Hoje não! Hoje sim...

(Foto: Daniel Ramalho/ Terra)
A missão era menos complicada que as últimas. Era o lanterna, com a pior campanha da história dos pontos corridos, problemas de salários, ameaças de greve. A vitória só não viria se houvesse muita força pra isso.

O Maraca pulsava. Pelo Vasco, é claro. Mas ninguém mirava suas atenções para aquele gramado, lá eles sabiam que pelo menos hoje o Cruzmaltino não desperdiçaria os pontos.

Os olhos procuravam informações no placar eletrônico, os ouvidos não desgrudavam dos radinhos. Eles estavam ali pela salvação do Vasco, e por isso o pensamento viajava até Curitiba, Criciúma, Campinas e BH.

Ali, diante deles, como esperado, o Gigante fazia sua parte, mas com placar mínimo, o suficiente para que fosse criado um nervosismo extra, mesmo que o Timbu não ameaçasse.

Longe deles, notícias ruins, péssimas. Tudo dando errado. Tensão.

No fim, o gol do alívio. Quanto a ali, pelo menos, não deveriam mais se preocupar.

"Não é possível! Há de sair gols de Cruzeiro, Botafogo, São Paulo ou Ponte!".

Não, não saiu.

Termina o jogo, eles celebram o alívio artificial e soltam o grito para disfarçar a preocupação e a decepção, pois as notícias pioravam. O bipolar Maracanã se dividia entre a comemoração da vitória e a tristeza da lembrança de que essa era a melhor chance de sair da degola.

Eles tinham tudo para irem pra casa felizes.

Tinham.

Então foram eles, insatisfeitos, com a sensação de que falta algo.

Sensação não, certeza.

Falta.

O Vasco, que precisa de um milagre, tinha o lanterna em casa e agora tem o terceiro colocado, fora. Convenhamos, não seria neste domingo que haveria ajuda divina.

Pois é, eles queriam hoje.

E ninguém faz milagre contra o Náutico em casa.

Contra o Furacão, lá, talvez.

Na camisa, no coração. Ainda há vida, Vascão.

@_LeoLealC