25 março 2014
Forte, vingador. Galo eterno
Eu detestava o Atlético Mineiro quando criança. Flamenguista fanático que sou, tinha o Galo como o meu maior inimigo fora do Rio, talvez.
Nasci em 95, e até então, não tinha visto o clube levantar um caneco de expressão. Conhecia como o primeiro campeão brasileiro e como o time do Marques, apenas.
Como eu era pequeno, associava grandeza a títulos, e só. Não conseguia entender como aquela gente tão apaixonada, mesmo sem as conquistas, vivia lotando o Mineirão, agigantando o Galo em sua casa e me fazendo ter medo de enfrentá-lo em Minas. Não aceitava, também.
Vivi uma época em que essa gente costumava se decepcionar quase que invariavelmente. E enquanto eu enchia a boca pra dizer "Isso aí é time pequeno!", lá estavam eles, sempre juntos, na Segundona, na Primeira, no Mineiro, em BH, Ipatinga, Sete Lagoas, sempre em prol de uma causa, o Clube Atlético Mineiro. E isso me incomodava.
O chato do Sub-Léo continuava a perturbar: "Eles se acham grandes, nunca ganharam nada!".
Hoje, se minha versão com 12 anos de idade parasse na minha frente, levaria um tapa.
"São 42 anos sem ganhar algo importante. A Conmebol não vale nada!"
Cala a boca, pivete!
O tempo passou e fui diminuindo minha rivalidade com times fora do Rio. Somado ao crescimento do meu sentimento nacionalista, passei a achar legal o bom desempenho do Brasil na Libertadores. E a representação mais clara de nosso futebol, em 2013, foi o Galo.
Achei lindo aquele 5 x 2 lá na Argentina, assim como o início da campanha na Liberta. Mas não fui me envolvendo muito, só achava bacana.
Aí chegou o dia 30 de maio e o adversário era o Tijuana, no Horto. Pra ser sincero, nem vi o início do jogo. O Galo já tinha a vantagem, e eu achei que fosse trucidar os mexicanos.
Liguei a TV por curiosidade. Já estava no segundo tempo, e o jogo era tenso. Até que alguém de vermelho cai na área, o juiz aponta para a marca penal e algo jamais visto acontece: a Massa se cala.
Ali, cheguei à conclusão que, por mais que eu me recusasse a aceitar, eu estava sim, torcendo pro Atlético levar essa. Fiquei triste ao ver aqueles 20 mil rostos em lágrimas, e passei a torcer para que elas não fossem de tristeza.
Buscando me conformar com o injusto fim daquela excêntrica caminhada, disse: "Se essa bola não entrar, o Galo é campeão.".
Então Riascos foi pra bola, um persistente pé esquerdo cismou em ficar parado ali no meio, transformou a data no dia de São Victor, e as lágrimas, enfim, foram de alegria.
Vendo aquilo, sem acreditar, me emocionei. Ao olhar pro lado, vi uma gota cair do olho do meu amigo, botafoguense. Então a ficha caiu: Nessa Liberta, sou Galo!
Mais do que isso: Não, eu não odeio esse time. Eu admiro!
Vieram a semi e a final. Enquanto meu time teve dois jogos não muito importantes, deixei de vê-los para ver o Galo, algo completamente inimaginável três anos atrás.
E se você não acredita, apenas imagine, por exemplo, um menino de frente pra TV, com a camisa do Flamengo, batendo a mão no chão de alegria pelo gol do Guilherme contra o Newell's. Agora pense na mesma cena duas semanas depois, no gol do Léo Silva.
Ali, o chato do Léo criança, enfim, reconheceria. Porque eu mesmo já tinha me convencido.
E convenhamos, com uma torcida dessa, resultados ficam em segundo plano. E que se danem os tantos anos sem nada! O Galo é enorme.
Parabéns, Reinaldo, Éder, Isidoro, João Leite, Cerezo, Marques, Ronaldinho, Tardelli.
Parabéns, São Victor. Parabéns, Kalil.
Parabéns, Massa. E para você, que já acorda olhando de cara feia pro varal, feliz dia do atleticano.
Porque contra o Galo, qualquer vento é só uma brisa.
Salve Roberto Drummond!
Se era necessária uma conquista de mesmo tamanho para provar sua grandeza, Atlético, parabéns de novo. Você conseguiu.
E enquanto ninguém tomar, a América é sua.
Todo dia é dia do Galo. Mas escolheram só uma data: hoje. Então, feliz aniversário!
O dia é seu, atleticano, assim como a América.
Há exatos 109 anos, 22 jovens se reuniram para fundar uma instituição e acabaram criando um estado de espírito. Quem o carrega, olha pro alto e enxerga preto e branco.
Ou você vai ter a coragem de dizer pra eles que o céu é azul?
Feliz dia 25 de março. Feliz 30 de maio. Feliz 24 de julho!
Parabéns, Clube Atlético Mineiro.
Você é gigante.
@_LeoLealC
Foto: Blog Soul Galo
19 março 2014
A melhor saída
O Glorioso foi pro Maraca com a obrigação de ganhar. Mas golear o Del Valle ou, pelo menos, vencer de forma tranquila faziam parte do pacote.
O dever foi cumprido, e só. Junto com ele, um desnecessário e inesperado sufoco no segundo tempo.
Acontece. Só não se imaginava que poderia acontecer também com o Del Valle.
Três pontos, nada mais.
Nada?
Termina o jogo, a torcida vibra, explode, mesmo que mais aliviada do que feliz, e faz desses três pontos uma vitória heroica.
Contra um time do nível dos pequenos do Carioca, um jogo com tudo para ser fácil se tornou numa batalha.
Melhor para o Fogão.
E enquanto muitos seriam vaiados, os jogadores do Bota saem de campo aplaudidos, pois cumpriram a missão.
Nada de "venceu, mas...".
Venceu, e pronto. Afinal, precisava de mais?
Dane-se a péssima atuação. A noite no Maraca foi salva.
Pelo Botafogo, pela torcida.
E principalmente, por Jéfferson.
@_LeoLealC
18 março 2014
Óleo de peroba
Terceira rodada - Corinthians perde para o São Bernardo, dentro do Pacaembu.
Quinta rodada - Após ser massacrado pelo Santos, o Timão perde para a Ponte Preta e chega a 3 derrotas seguidas.
Sexta rodada - Corinthians perde sua quarta partida consecutiva ao ser derrotado pelo Bragantino, em casa, por 2 x 0.
Sétima rodada - Acabou a série de derrotas! Sim, com um honroso empate contra o Mogi Mirim, conseguido com um gol contra.
Oitava rodada - Com o empate contra o Palmeiras, a equipe chega a seis jogos sem vitória.
Dali em diante, uma série de 4 vitórias obrigatórias contra pequenos, que foi interrompida na derrota no clássico contra o São Paulo. Ok, é clássico, tá perdoado.
Até que chega a 14ª rodada, o Corinthians empata com a Penapolense e é eliminado com uma rodada de antecedência.
Um problema sério. Agora o barco já afundou e é hora de apontar as causas, certo?
Mano? Tite? A troca de treinador? Pato, Guerreiro, Sheik? Torcida invadindo o CT? Algum erro de arbitragem?
Não! O principal culpado é ele... o São Paulo!
O Tricolor entrou já classificado num jogo que não causava motivação alguma. Perdendo, empatando, ganhando, goleando, sendo goleado, nada mudaria sua situação. Enquanto isso, o Ituano foi ao Morumbi jogar o jogo da sua vida.
Não acho que o São Paulo chegou a entregar. Ele apenas não fez questão de ganhar. O Ituano fez, e ganhou.
E se esse resultado tirou o Corinthians, a culpa é do Timão, que se fizesse sua parte, estaria tão confortável quanto o Tricolor nesse final de Primeira Fase.
Sendo bonzinho com a Ponte Preta e considerando aceitável um empate no Moisés Lucarelli, o Corinthians deixou de ganhar 11 pontos obrigatórios. Além disso, não ganhou nenhum dos três clássicos.
Aí vem o Romarinho, insinua a entrega do rival e diz que ela aconteceu pois houve "medo" de enfrentar o Corinthians.
Eu não teria medo se meu time fosse enfrentar uma equipe que conseguiu ficar de fora dos 8 melhores, sendo que o Campeonato possui 20 clubes, e só 4 deles são da Série A nacional.
A maior culpa do São Paulo, Romarinho, foi ter vencido seu time dentro da sua casa. E isso torna inútil e sem qualquer sentido o seu argumento sobre o "medo".
E depois de 13 jogos horrorosos, restou depender do rival. Convenhamos, era a melhor saída, já que as próprias forças não foram capazes de fazer uma campanha no mínimo digna.
O rival não ajudou. Assim como seu time, senhor Romário Ricardo da Silva, que não se ajudou em nenhum momento.
Olha pro próprio nariz e deixa de ser cara-de-pau, Romarinho!
Você, junto com seus companheiros, tem muito mais culpa no cartório que o Tricolor.
O Corinthians está eliminado, e os culpados são muitos.
Mas nenhum deles estava no Morumbi neste domingo.
@_LeoLealC
10 março 2014
Ah, a Guanabara...
Devido ao enorme desinteresse, de clubes e torcedores, decidi que me pronunciaria sobre o inconveniente Cariocão apenas quando chegasse a hora do mata-mata. Exceções se salvariam apenas com algo de bastante relevância.
Pois bem. Já temos o 1º colocado, os quatro classificados e fomos empurrando-o com a barriga até agora.
Mas e o título da Taça Guanabara?
Ah, claro! A Taça Guanabara. Tão tradicional, charmosa, "importante".
Então por que a esqueci? Por que não dei seu devido valor?
Aliás, o que ela vale mesmo?
O estadual do Rio, nos últimos anos, se tornou uma mala. As alças que ajudavam a carregá-la eram os contínuos mata-matas, decisões de turno que enchiam estádio e as curtas fases de grupo.
Pois é. Tiraram a alça, e junto com ela, o valor da tal Guanabara.
O simbolismo é legal, às vezes até dá história pra contar, desde que acompanhado de alguma coisa que justifique uma verdadeira conquista. Sozinho, ele não consegue levar mais de 10 mil para uma "decisão".
Sem a alça, o valor simbólico é inútil.
Assim como a tal Guanabara, que agora nada mais é que uma recompensa.
Parabéns ao Flamengo.
Pelo que mesmo?
Ah, a tal Guanabara!
Salve o campeão simbólico!
Sem taça, sem público, sem valor.
Sem alça.
Merecido? Claro. Nada mais justo que recompensar o único que está carregando a mala sem reclamar.
Que venha o mata-mata. Junto com ele, alguma emoção. Ou, no mínimo, uma história.
E que, enfim, comece o Campeonato Carioca.
@_LeoLealC
Assinar:
Postagens (Atom)