(Foto: Agência O Globo) |
Hoje, vivi duas horas de sentimentos inexplicáveis que a muito não sentia. E acredito que cada brasileiro apaixonado pela bola também tenha vivido. Coisas que só o futebol nos proporciona.
Era uma rodada que já poderia definir o campeão e os rebaixados.
Coisas que, infelizmente, estavam acontecendo.
Corinthians estava ganhando e, com o empate entre Vasco e Fluminense, se sagrando campeão. Cruzeiro estava vencendo o Ceará e definindo os quatro rebaixados com antecedência.
Era uma pena o campeonato terminar assim. Daria a impressão de que foi chato e sem emoção, quando na verdade está sendo o melhor da história dos pontos corridos.
Quando de repente, no apagar das luzes, gol do Vasco, gol do Ceará. Os jogadores do Corinthians, que já se preparavam para dar a volta olímpica, decepcionam-se ao saber do gol da equipe carioca. A torcida do Figueirense, esquecendo a derrota, começa gritar o nome do Cruzmaltino, apenas para tirar sarro do adversário ao término da partida. Encantos da bola.
Do nada, começo a rir, gargalhar. Muito pela felicidade de ver o campeonato ter o final que merece.
Esse campeonato maluco e inesquecível, onde o inesperado acontece numa frequência anormal, onde o que parece estar decidido muda de panorama em um instante qualquer, com uma cabeçada ali ou um chute despretensioso aqui.
Perdoem-me o paradoxo, mas o Vasco ser surpreendente já não é mais surpresa. Jogo épico no Engenhão. Um capítulo inesquecível dessa linda história, repleta de brilhantismo, que o Gigante da Colina vive.
Quando tudo conspirava a favor do título corintiano, a chegada de Bernardo como um foguete na área, aos 45 do segundo tempo, mudou todo o panorama da briga pelo caneco.
Os sonhos da torcida vascaína parecem não ter mais fim. É o melhor ano do século XXI para o Cruzmaltino. 365 dias que nunca sairão da memória de quem viveu, torceu, se emocionou.
(Foto: Timaonaweb.com.br) |
Sonhos estes, que pareciam, enfim, se tornar realidade, terminando de uma vez com a angústia, para os corinthianos. Mais uma vez sem brilhar, mas com competência e objetividade, vitória importantíssima sobre a fortíssima equipe do Figueira, no Orlando Scarpelli. No apito final do árbitro, o Timão estava pronto para comemorar o pentacampeonato brasileiro. Mas, o já mencionado gol de Bernardo, no Engenhão, adiou a decisão para a última rodada.
E na parte debaixo da tabela, quando o Cruzeiro escapava, rebaixando, com antecedência, Atlético-PR e Ceará, o Vozão consegue o empate no último lance. Adiando o sofrimento.
Foram duas horas mágicas, onde qualquer torcedor, independentemente dos resultados, pôde se deliciar com emoção ao mais alto patamar.
Assim, me sinto na obrigação de remencionar a frase de um antigo jornalista inglês, que nos visitou em 1966, que dizia que o futebol é ópio do povo brasileiro, capaz de enfrentar qualquer adversidade ou transpor qualquer obstáculo, de superar a si mesmo, desde que o seu time favorito vença um jogo importante.
E então, depois de assistir a esses momentos incríveis, que ficarão na memória dos brasileiros, só me resta agradecer ao futebol pela sua existência, por tornar a vida de nós brasileiros mais divertida.
E no momento, a mais divertida é a dos vascaínos.
Porém, já se sabe, o panorama pode mudar a qualquer momento.
Resta aguardar o último capítulo, onde muitos irão sorrir, enquanto muitos cairão nas lágrimas.
Mas todos viverão as emoções que só o futebol pode nos dar.
Mais do que um esporte. Um estado de espírito.
@_LeoLealC
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