11 agosto 2013

De pai pra filho


Dia dos pais. O Maraca, não mais o mesmo, mas sempre o Maraca, recebeu seus filhos no campo e nas cadeiras. Pena, não são mais arquibancadas.

- Quanto tempo pai, como o senhor mudou. O que houve?

- Meus queridos, me perdoem. A culpa não é minha, fui forçado a isso. Senti falta de vocês, meus amores.

- Pois é, nós também, pai.

E então eles foram, cada um para seu quarto, que o pai arrumou com maior carinho. O Rubro-Negro para um lado e o Tricolor pro outro.

Os dois, não muito unidos, disputavam como sempre o direito de fazer a festa em seu cômodo, dessa vez a de boas-vindas. 

O quarto Rubro-Negro já bagunçado, cheio de cachaça nos móveis, pronto pra receber a gritaria e a galera do churrasco. O do Tricolor arrumado, com tudo em seu devido lugar, bem decorado pra receber com requinte a galera do escritório.

- Decidam ali na sala, em meu tapete, como sempre fazem.

Dezesseis horas, tarde de domingo. 40 minutos antes do nada, o juiz apitou, a bola rolou e eu vi o clássico mais sobrenatural do planeta voltar a seu templo, estar de novo sobre o gramado mais abençoado pelos deuses do futebol.

Eu vi a magia voltar. Não tinha medo do contrário, era receio.

Eu vi o sobrenatural levar um sujeito com apelido de "brocador" a um toque de letra como se fosse um craque.

Vi golaço, frango, caneta, confusão, virada.

Vi Maracanã, vi Fla-Flu no Maracanã. Vi os filhos reencontrarem o pai.

E ele, enjoado de tanta gente rica e bem vestida, com saudade do povão, dessa vez deixou a festa com o filho favelado.

Hoje ele queria churrasco, não caviar.

Hoje a festa é Rubro-Negra.

@_LeoLealC

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