Dia dos pais. O Maraca, não mais o mesmo, mas sempre o Maraca, recebeu seus filhos no campo e nas cadeiras. Pena, não são mais arquibancadas.
- Quanto tempo pai, como o senhor mudou. O que houve?
- Meus queridos, me perdoem. A culpa não é minha, fui forçado a isso. Senti falta de vocês, meus amores.
- Pois é, nós também, pai.
E então eles foram, cada um para seu quarto, que o pai arrumou com maior carinho. O Rubro-Negro para um lado e o Tricolor pro outro.
Os dois, não muito unidos, disputavam como sempre o direito de fazer a festa em seu cômodo, dessa vez a de boas-vindas.
O quarto Rubro-Negro já bagunçado, cheio de cachaça nos móveis, pronto pra receber a gritaria e a galera do churrasco. O do Tricolor arrumado, com tudo em seu devido lugar, bem decorado pra receber com requinte a galera do escritório.
- Decidam ali na sala, em meu tapete, como sempre fazem.
Dezesseis horas, tarde de domingo. 40 minutos antes do nada, o juiz apitou, a bola rolou e eu vi o clássico mais sobrenatural do planeta voltar a seu templo, estar de novo sobre o gramado mais abençoado pelos deuses do futebol.
Eu vi a magia voltar. Não tinha medo do contrário, era receio.
Eu vi o sobrenatural levar um sujeito com apelido de "brocador" a um toque de letra como se fosse um craque.
Vi golaço, frango, caneta, confusão, virada.
Vi Maracanã, vi Fla-Flu no Maracanã. Vi os filhos reencontrarem o pai.
E ele, enjoado de tanta gente rica e bem vestida, com saudade do povão, dessa vez deixou a festa com o filho favelado.
Hoje ele queria churrasco, não caviar.
Hoje a festa é Rubro-Negra.
@_LeoLealC
cara, tá de parabéns! esse texto foi genial!
ResponderExcluirIrado o texto cara, arrepiou, parabéns, SRN !
ResponderExcluirTexto digno de um Fla-Flu...
ResponderExcluirParabéns Leo.
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