Tudo ia mal para o Flamengo no clássico. O que era esperado, tamanho peso dos desfalques do Rubro-Negro na partida. Enquanto o Flu tem Rafael Moura para suprir a ausência de Fred, o substituto de Ronaldinho no Fla nada mais é que a eterna promessa Diego Maurício, que mais uma vez não fez absolutamente nada. Isso sem contar os desfalques de Willians e Aírton.
O Flu dominou o primeiro tempo por inteiro, mesmo sem chegar com muito perigo à meta rubro-negra. A única excessão está no lance em que Rafael Moura perde um gol de forma inacreditável.
O Flamengo não se encontrava em campo. A zaga batia cabeça, os laterais não avançavam, Deivid estava inoperante como sempre, Diego Maurício não colocava o pé em uma dividida e Vanderlei Luxemburgo ia perdendo a paciência.
Veio o segundo tempo, o Fla mantinha o mesmo futebol mesquinho do primeiro tempo. Depois de tanto insistir, o Tricolor consegue seu gol, em mais uma falha da zaga rubro-negra. Parecia uma vitória certa, um jogo já ganho.
A principal característica que faz de Luxa um dos treinadores mais admirados do Brasil é a ousadia. O técnico vinha sendo cobrado exaustivamente por justamente não ousar, por ter medo de atacar, de pressionar o adversário, o que atrapalhava a equipe rubro-negra.
Hoje, Vanderlei voltou às suas raízes, o que fez da vitória do Fluminense, algo incerto. Logo após o gol tricolor, o comandante sacou a bananesca dupla de ataque para a entrada de Negueba e Jael. Por mais que o futebol da equipe não tivesse melhorado nitidamente, o clima era outro. A disposição dos dois jogadores contagiou os outros. Negueba fez uma das melhores partidas com a camisa do Fla.
Um minuto depois, ainda perdendo, Luxa não quis saber se estava comprometendo a defesa, resolveu jogar para ganhar. Sacou Maldonado para a entrada do contestado Botinelli. Era bola ou búlica, tudo ou nada.
Depois de empatar na base do abafa, o gol sofrido em mais um falha na defesa parecia tirar o Flamengo da briga pelo título. Mas mesmo que fazendo uma partida medíocre, a equipe estava com um espírito diferente. Algo havia mudado.
Era a estrela de Vanderlei Luxemburgo brilhando. Seu pupilo, Botinelli, acerta dois magníficos chutes de longe, acabando com todas as previsões, com a toda a tática e com tudo que parecia certo nesse histórico Fla-Flu.
De desacreditado quanto ao título e quase em crise, o Fla passou a fortíssimo candidato ao caneco em 5 minutos.
Ninguém se importou com a horrenda atuação que a equipe teve. O que importa no momento é o tamanho da importância dessa vitória ao clube da Gávea, a moral que ganhará na competição. Se não deu na técnica, foi na raça, na vontade, até na sorte.
Tudo isso graças ao ímpeto de Luxa, que assim como na vitória contra o São Paulo, jogou sem medo de perder.
Já o Fluminense fez uma boa partida, porém Abel Braga estava muito mais preocupado em reclamar com a arbitragem, ao invés de fazer o Flu resistir à vontade rubro-negra em alguns momentos. Quando o Fla cresceu no jogo, o Tricolor se assustou, tremeu e assistiu o adversário jogar, mesmo não tendo um futebol de primeira qualidade.
O Flamengo, apesar de mostrar muitas deficiências, voltou com todas as forças à briga pelo título. O Fluminense se distanciou e agora vê a conquista como algo improvável.
Na hora dos erros, as críticas chegam sem parar aos treinadores. Mas quando eles acertam, merecem o elogio, o reconhecimento. Luxemburgo mudou a cara do Fla na partida. Afinal, sua função vai além de treinar a equipe durante a semana. Sua participação durante o jogo é essencial.
Quando no 11 contra 11 a coisa estava difícil, um 12º elemento resolveu fazer a diferença. E fez.
Vitória do Flamengo, graças à coragem de seu comandante. Parabéns Luxa.