29 setembro 2014
Aconteceu em 2013: Ingratos e mal-acostumados tricolores
João Paulo II, para os tricolores, é muito mais do que um ex-papa. É um santo padroeiro, um ser com poderes lá em cima para salvar o Flu quando necessário.
O Fluminense fez de João de Deus tricolor e ele aceitou. Creio que ele tenha ido embora apenas para sentar ao lado de Nélson Rodrigues durante os jogos e lhe contar o que acontece.
A torcida do Flu criou o costume de pedir sua bênção durante os jogos. E isso já havia deixado de ser um grito de incentivo. Tornou-se um mantra.
Em 2008, o Tricolor viveu uma história de tamanho encanto que parecia ser escrita por ele. Até que o lastimoso e inesperado fim daquela caminhada tirou o incrédulo torcedor das nuvens sobre as quais pisava.
João faz o que pode, mas nem sempre ele consegue.
Então o Flu começou a viver uma época de conquistas consecutivas, sem precisar tanto dessa ajuda extra. Mas não era por isso que ele merecia ser menos lembrado.
Nesse período, ouvia-se ainda, às vezes, ecoar essa procissão em arquibancadas pintadas de verde, branco e grená. Porém, não se sentia a mesma intensidade nas vozes. Era algo que havia enfraquecido.
Mas a época das vacas gordas, uma hora, daria uma pausa. E eles, então, lembrariam do salvador.
Era o dia 17 de novembro de 2013, o palco era o Maracanã. O Flu, que demorou muito a perceber que sua briga naquele ano era para não cair, enfrentava o São Paulo, que já não tinha mais nada a buscar na competição.
Embora eles não aceitassem, era um jogo decisivo. E para diminuir ainda mais a chance da ficha cair, era uma partida onde deveria-se buscar a sobrevivência, não mais uma glória.
Então, depois de saírem perdendo, empatarem e se verem no sufoco no segundo tempo, eles entenderam.
E lembraram dele.
Foi a primeira vez desde 2009 que se pôde ouvir o "A benção, João de Deus" com tanta força e sinceridade. Era caso de apelação.
Eles não viam saída, a não ser o Papa tricolor.
Por isso, saíram.
Os 3 anos de poucas lembranças? Ele perdoa.
Bola na área, a cabeçada, a salvação.
Contra o mesmo São Paulo, na mesma trave, no mesmo fim de segundo tempo.
Te lembra algo de 5 anos passados, tricolor?
Caso a resposta seja positiva, você teve a mesma alegria e o mesmo choro de alívio naquele dia.
Com a ajuda do mesmo mediador.
Questões jurídicas à parte, sem aqueles 3 pontos, o Fluminense estaria hoje na Segundona, independente da perda de pontos da Lusa.
Aliás, não duvido que João tenha feito de tudo lá em cima para Héverton estar com saúde e bem-disposto pra estar garantido em campo no tal jogo polêmico.
O Fluminense se salvou. No jogo e no campeonato.
João estava lá, com sua paixão pelo Tricolor e, principalmente, com sua bênção.
Nem sempre necessária.
Mas quando solicitada, sempre atendida.
@_LeoLealC
Foto: Alexandre Cassiano
28 setembro 2014
O lance
A rodada foi movimentada, teve distâncias encurtadas tanto em cima quanto em baixo na tabela, virada, 3 gols em 5 minutos, gol no fim, etc.
Mas uma jogada tinha tudo pra fazer parte da abertura de alguns programas esportivos na TV por um bom tempo, não fosse uma defesa sensacional, que tornou o lance ainda mais incrível.
Foi no Maracanã, na grande vitória do embalado Grêmio contra o Botafogo, que a cada rodada dá mais sinais de preocupação.
O segundo tempo mal havia começado, o jogo ainda estava 0x0 e, com um minuto, Sheik recebeu de Ramírez e finalizou para Grohe defender.
Mas não foi um passe, nem uma finalização e nem uma defesa.
Foi o lance do jogo, da rodada e da semana.
E quem ousar reparar que o voleio foi com a canela merece ser preso!
Confiram no vídeo abaixo (o melhor que achei). A jogada acontece por volta do momento 1:45.
Desculpe, Barcos. Você quase foi o destaque da partida.
@_LeoLealC
Mas uma jogada tinha tudo pra fazer parte da abertura de alguns programas esportivos na TV por um bom tempo, não fosse uma defesa sensacional, que tornou o lance ainda mais incrível.
Foi no Maracanã, na grande vitória do embalado Grêmio contra o Botafogo, que a cada rodada dá mais sinais de preocupação.
O segundo tempo mal havia começado, o jogo ainda estava 0x0 e, com um minuto, Sheik recebeu de Ramírez e finalizou para Grohe defender.
Mas não foi um passe, nem uma finalização e nem uma defesa.
Foi o lance do jogo, da rodada e da semana.
E quem ousar reparar que o voleio foi com a canela merece ser preso!
Confiram no vídeo abaixo (o melhor que achei). A jogada acontece por volta do momento 1:45.
Desculpe, Barcos. Você quase foi o destaque da partida.
@_LeoLealC
18 setembro 2014
Gritai por nós
Emerson Sheik é um indivíduo autêntico. Polêmico, irônico, um louco que não liga para a repercussão de seus atos.
Com a bola no pé, decisivo e incontestável por onde passou. Fora do campo, alguém com quem eu tinha certa implicância.
Eu não achava legal a ideia de exaltar a personalidade de um sujeito que falsifica o RG, é dispensado de um clube por ser pego cantando música do maior rival e que diz que "nenhum dinheiro o tira do Corinthians", quando na verdade estava praticamente fechado com o Flamengo, e fica no Timão apenas porque o clube fez uma proposta maior.
Hoje, concordei com a decisão do juiz. Ao meu ver, ele merecia sim a expulsão pela jogada infantil. Talvez por isso, não tivesse total razão para se expressar daquela forma.
Mas quem daqui a 10 anos vai lembrar da partida e dos momentos anteriores à declaração? Portanto, que se dane!
Sheik procurou a câmera e resumiu nosso pensamento em 8 palavras.
Todos têm a vontade de pronunciar a mesma frase publicamente, mas só ele teve a coragem.
Assim, ganhou um fã e 100 anos de perdão.
Que o dia 17 de setembro seja um marco de uma mudança a longo prazo. Que os clubes tenham um espelho neste rapaz, aprendam que suas vozes são fortes e que juntos, podem combater o "Brasil que dá certo" do Parreira e gerir nosso futebol com uma competência proporcional à nossa importância.
Márcio Passos de Albuquerque é um tremendo 71. Emerson, o cara.
E que ele não seja punido.
O que, infelizmente, não acontecerá.
Porque como sabemos, ela "é uma vergonha".
@_LeoLealC
16 setembro 2014
Flamengo, Fernando e o cigarro
Neste domingo, ele encontrou seus amigos e foi pra trás do gol, no meio da galera, na arquibancada, para ver o jogo em pé, bem como gosta.
Por ser um frequentador assíduo de estádios, está acostumado a sentir cheiro de cigarro, maconha e qualquer coisa proibida que é consumida mesmo na frente dos guardas. Mas desta vez, um cidadão lhe incomodou bastante.
Olha, se não for por causa do nervosismo na hora do jogo, é de se temer que o pulmão do sujeito fumante já esteja parecendo uma cartolina preta. Eram impressionantes 3 cigarros a cada 10 minutos. Um absurdo! Não é possível que o vício do rapaz seja tão incontrolável.
O jogo começa, percorre os minutos e a fumaça não para de voar em direção a Fernando. Já havia se tornado uma situação constrangedora. E mesmo com ele balançando as mãos para afastar a fumaça e mostrar ao indivíduo que não estava gostando nem um pouco daquilo, o homem continuava a fumar.
O senhor atrás, preocupado com o problema respiratório da filha, pediu educadamente para que o cidadão parasse. Em vão. Então Fernando não aguentou:
- Joga isso fora, cara! O jogo tem 30 minutos e desde o início você está com esse cigarro na mão.
- Desculpa, senhor. É que eu estou nervoso. É o calor do jogo.
- Nervoso fica meu nariz cheirando essa desgraça! Segura a onda aí, brother. Essa droga só serve pra fazer mal a você e a todos.
O cara então sossegou por um tempo. Parecia ter se tocado de que ninguém ali estava satisfeito com seu vício compulsivo.
Mas para o azar de Fernando, os cigarros tinham apenas acabado. No intervalo, o infeliz pegou o maço de seu amigo, abriu e prosseguiu sua destruição pulmonar.
A irritação estava quase no limite, até que um cruzamento na área corintiana tornou a nicotina saudável.
O domínio, o chute, a rede balançando, a corrida do bandeirinha para o meio. Gol.
No estádio não há tira-teima. Então não precisa ter peso na consciência pra comemorar.
A explosão da galera, o abraço e até a risada quando a ponta do cigarro do sujeito esbarra no braço de Fernando. Cria-se um laço afetivo inexplicável com qualquer um que comemore o mesmo gol com você.
36 mil desconhecidos entre si viram irmãos, filhos de uma mesma camisa. Inclusive Fernando e o fumante.
A alegria fez o homem esquecer um pouco o tabaco. Mas seu agora amigo não.
Pênalti para o Flamengo.
- Cadê o cigarro? Cadê?
- Tá aqui no bolso. Por quê?
- Acende, acende!
- Mas não era você que não estava gostando?
- Não interessa, o que importa é o Mengão. Acende pra sair o gol. Tava dando sorte!
Eduardo na bola... Cássio defende.
- Também, ninguém mandou acender esse troço. Olha lá, zicou!
- Ué?
- Apaga essa porcaria, cara. A fumaça deve ter atrapalhado até o Eduardo!
Todos deixam de se preocupar com o fumante e começam a rir de Fernando. A situação já havia ficado engraçada.
Até que o juiz apita o fim de jogo, Fernando, seus amigos e o cara do cigarro se abraçam, pulam e cantam felizes com a vitória.
Eles descem juntos, rindo e comemorando o resultado do jogo. Na hora de se despedir, o mais novo amigo de Fernando, que nem sabe seu nome, se desculpa:
- Foi mal, brother. Na hora do jogo eu fico muito tenso. Desculpa aí se incomodei.
- Ih, relaxa, parceiro. Nem percebi a fumaça direito. Tá perdoado, irmão. Saudações Rubro-Negras!
Não fume. Cigarro faz muito mal à saúde e prejudica a respiração de quem estiver próximo.
Mas se fumar, torça para o mesmo time que o sujeito ao seu lado.
E caso seja ao lado de Fernando, vibre um gol do Flamengo.
É capaz dele até te dar um isqueiro.
@_LeoLealC
05 setembro 2014
11 homens e uma estrela
O que esperar de um time que não anima no papel, faz um ano medíocre, passa o ano inteiro com problemas de salários, promessas de greve e está com a desvantagem, fora de casa, contra um bom time?
Pouco.
E no caso do botafoguense?
Nada.
Mas este não precisa de um motivo tão adverso para pensar o mesmo.
A toalha já estava sendo arriada no Maracanã quando Jéfferson pegou o pênalti no primeiro jogo e mostrou que ainda dava.
Não, não dava. Né, botafoguense?
Muito menos quando Andrey entregou o ouro e "sacramentou" a eliminação, já no Castelão. Mas ali, eu te perdoo, alvinegro. Nem eu acreditaria.
Wallyson, goleiro, Ramírez, gol.
Ainda dá?
Hum... 49 minutos? É, não dá mais.
E assim terminaria uma melancólica noite alvinegra.
Até porque, o que esperar de um time que diz estar ali apenas pelo profissionalismo?
André Bahia? O que ele está fazendo ali? Por que pode-se acreditar que desse Botafogo sairá um milagre?
Porque seu time, botafoguense, não é formado apenas por profissionais. É, também, por homens.
E acima de qualquer limitação técnica ou qualquer rincha com os sujeitos de terno que não cumprem seus deveres, estão ali uma camisa e uma estrela, que eles tem caráter suficiente para representá-las.
Do André, saiu o gol. Do impossível, o milagre. Do Botafogo, o improvável.
Não dava?
Deu.
E essa Copa do Brasil?
Ainda dá.
Se não quiser, não acredite.
Só aconselho a não desligar a TV muito cedo.
@_LeoLealC
03 setembro 2014
Feliz 2015
Lógico que, tendo em vista o momento vivido, não parece tão fácil assim. Mas se é possível existir uma boa hora para ser goleado dentro de casa, ela foi 16h, sábado passado. Caíram o técnico incompetente e a ficha. Assim, é esperado que a vergonha na cara faça a equipe se recuperar e, enfim, sobrar na competição.
Portanto, a Série B provavelmente não passará daquele marasmo já conhecido, de empurrar com a barriga e no final comemorar a volta à Primeira Divisão como algo heroico.
Não, não será heroico. O Vasco é obrigado a subir como campeão. É muito pouco para alguém deste tamanho viver todo um ano apenas pra voltar para onde nunca deveria ter saído.
A única chance da temporada do Cruzmaltino ter algum brilho estava na Copa do Brasil. Era o único título importante disputado no ano, sem contar a chance de já chegar na Série A disputando a Libertadores.
A eliminação não muda minha opinião quanto à hora certa da mudança. Era realmente necessária uma chacoalhada antes desse jogo decisivo. Se o zagueiro do ABC não estivesse ali, em cima da linha, isso seria elogiado, até como o tal planejamento.
A bola não entrou, o Vasco não passou.
O ano acabou.
Ainda haverá um alívio com a volta ao G4 da Série B e, posteriormente, à liderança. Não dou 7 rodadas para que isso aconteça.
Mas após a volta da normalidade, esperar por algo já previamente alcançado cansará a paciência.
Por mais que hoje ela faça falta, esta rotina é bastante chata. O vascaíno sente saudades dela, mas quando tê-la de volta, lembrará o quanto ela é vazia.
Os próximos 90 dias serão de mesmice. A esperança de que algum deles fosse de real expectativa foi embora, hoje, em Natal.
Sendo assim, feliz 2015, vascaíno.
E que ele venha logo.
@_LeoLealC
Foto: Gilvan de Souza
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