27 fevereiro 2013

Canta, Galo!

(Foto: Lancenet.com.br)
Cuca é o melhor treinador em atividade no nosso futebol. E o mais injustiçado também. Faz a equipe jogar, parte para cima, sem querer saber se está em casa ou fora. O que não tem é o dom da motivação, coisa que dentro do clube, não cabe só a ele.

Entre os 11 em campo, o melhor jogador deste século. Hoje, certamente, não é o mesmo, mas se tiver a bola no pé, um metro de espaço e cinco segundos para pensar, sabe o que faz. E quando faz, tudo funciona.

Some isso tudo à revelação do último Brasileirão, um goleiro de seleção, uma zaga segura, consistente e entrosada, dois laterais que sabem defender e atacar, dois cidadãos com faro de gol e dois volantes de confiança.

Assim, Cuca tem as peças que precisa, do jeito que precisa. Assim, o Galo joga o melhor futebol no Brasil desde o ano passado.

Nenhum time é tão prazeroso de se ver jogar, no momento, como o Atlético.

É fácil não cair na pilha de argentino, basta jogar futebol. Se jogar, eles não põem medo, pois a bola anula a catimba.

E então, jogando bola, o Galo trucidou. Esqueceu estar em território inimigo e deu seu show.

É só o começo, mas a goleada de hoje, que parece surpreendente, é esclarecedora.

Para mostrar que de futebol, Cuca sabe. E que um erro grotesco de uma bandeirinha e uma atuação brilhante de um detento não vão mudar isso.

Para mostrar que esse Galo é forte e veio brigar. Na arte, na bola, com personalidade. Sem essa de falta de experiência na Libertadores ou anos sem título importante.

Pois na hora H, o peso da decisão recai sobre o ponto fraco, que hoje o Atlético não tem.

Não sei se melhor, não sei se favorito. Mas hoje, o Galo aboliu oficialmente a condição de azarão.

E isso é fato, não palpite.

Pra cima deles, Galo!

@_LeoLealC

21 fevereiro 2013

Descanse em paz, menino

Eu poderia estar escrevendo sobre futebol, dizendo que jogar na altitude é difícil e que o resultado não é tão ruim para o Timão.

O jogo? Esqueça. Eu não vi, você não viu, ninguém lembra. Pois quem viu, esqueceu.

Meus 14 anos foram a época em que mais ia ao estádio. Assim como todo apaixonado por futebol, o tenho como minha segunda casa e, até hoje, talvez seja meu programa preferido frequentá-lo.

Provavelmente deslumbrado e motivado com a chance de ver seu time, modesto, enfrentar o campeão mundial, o moleque foi ao jogo para viver a felicidade que o futebol proporciona ou, ao menos, ter a expectativa de vivê-la.

Por alguma obra mal-feita, injusta, a estreia de seu time se transformou em seus últimos momentos de vida. Se a hora dele havia chegado, que fosse em qualquer lugar, menos num estádio de futebol, onde esquecemos da vida e vivemos em um mundo paralelo, por 90 minutos.

O que fazer? Expulsar o Corinthians?

Se o estádio permitia a entrada de rojões e a grande maioria partia da torcida do San José, a culpa é realmente do Timão?

Se foi proposital ou imprudente, não importa. Já sabem o culpado, e ele vai responder. Mas responderá por si, e não por milhões, que não podem pagar por uma fatalidade.

Não podem, assim como não vão. Pois isso é apenas balela para virar manchete.

Quem é torcedor de estádio vai entender que a probabilidade de ter sido acidente é grande e que um cidadão não representa uma nação inteira. Quem é, e mesmo assim não entende, não é corintiano e age com clubismo apenas na intenção de ver o rival na pior.

A tragédia me tocou, particularmente, por eu pertencer à mesma tribo do rapaz, por saber que eu ou qualquer acompanhante poderíamos ter sido vítimas fatais apenas por sair de casa para apoiar o clube do coração.

Poderia ter acontecido comigo, com você, com qualquer um dos milhares presentes ontem ou qualquer corintiano, flamenguista, palmeirense, tricolor, ou torcedor do Íbis em qualquer estádio.

Aconteceu. E a vítima foi o Kelvin.

Meus sinceros sentimentos à família do rapaz.

Quanto a você, garoto, não se preocupe.

Pois se o céu é realmente o paraíso, futebol lá não falta.

Vá em paz, "parceiro".

@_LeoLealC

05 fevereiro 2013

#Vergonha

Não, não sou daqueles que procuram defeitos em tudo e que torcem para que tudo dê errado na Copa só para me vangloriar e postar nas redes sociais: "Eu avisei!". Muito menos daqueles mal-amados que conseguiram achar, na falta de luz do Super Bowl, forma de debochar do que acontece aqui, dizendo que "agora teríamos uma desculpa".

Achei fantástico o Mineirão que as câmeras mostraram. Forma de arena, moderno, lindo!

Mais lindo ainda reinaugurar com Cruzeiro x Galo, o maior clássico da cidade. Sensibilidade e oportunismo que o Rio não terá, com a volta do Maraca.

É ótimo ver o clássico de Minas voltar a ter torcida dividida, sem mandante e visitante. Um gol nesse jogo é para causar euforia em uma metade do estádio e tristeza na outra, sem 8 ou 80, sem explosão total ou silêncio absoluto.

No Sul, também são 2 gigantes, mas com seus tradicionais estádios próprios, tornando-se natural que aconteça o contrário. Cada estado tem a sua tradição, e a de Minas é estar tudo no meio-a-meio.

Dentro de campo, o templo de BH voltou como tinha que voltar. Ótimo jogo, de bom nível técnico e alta dose de emoção.

Porém, é inadmissível o fato deste belo jogo ser simplesmente esquecido por conta de um amadorismo, de uma falta de respeito com o torcedor.

Fael Lima, repórter do site Camiza Doze, dedicado à torcida atleticana, esteve lá e registrou o desespero e a incredulidade dos torcedores diante dos despreparo dos funcionários da Minas Arena.

Apenas um bar e um bebedouro funcionavam no setor da torcida do Atlético. Se o público foi de 52 mil, então a torcida do Galo era de aproximadamente 26 mil. Então, é lógico que a água e os produtos iriam acabar.

Quanto aos estacionamentos, a questão é de bom senso. É recomendado que não se vá ao estádio de carro. Mas, independentemente do número de veículos, é necessário que se tenham vagas para todos. Basta fazer um projeto levando em conta a capacidade da arena.

Vergonhoso! Decepção é o sentimento. É triste ver os apaixonados indignados, decepcionados com o lixo que encontraram sua segunda casa.

E no mundial, será como?

Sinceramente, torço para que tudo corra bem em nossa Copa, para que possamos calar a boca de todos os revoltadinhos de Twitter, aqueles que se acham inteligentes e racionais o suficiente para criticar tudo que é anunciado em nosso país.

Mas para que eles não tenham razão, nem comemorem seu complexo e mediocridade, é preciso fazer por onde. Se houvesse atraso para a entrega do Mineirão, que houvesse, contanto que fosse bem feito, não às pressas, sem desrespeitar a majestade do futebol, o torcedor.

Se garantem que na Copa não será assim, é porque o estádio não está pronto.

E se não está pronto, não abra!

Pois antes de qualquer golaço, o mais importante é que um pai tenha um copo d'água para dar ao filho.


@_LeoLealC

Fonte: www.camisadoze.net

02 fevereiro 2013

Presenteados

Quinta-feira, 7 da noite. O que levaria um cidadão a sair de casa para ver duas equipes em formação, até então sem grandes expectativas no ano, em um campeonato cada vez mais abandonado?

Tá, era Flamengo x Vasco, o Clássico dos Milhões. Um confronto que, seja no futebol, no basquete, no golfe ou na purrinha, valendo título, 3 pontos ou simplesmente nada, é maior que qualquer argumento contra a fórmula dos estaduais e o preço dos ingressos.

Simplesmente por isso, e nada mais, 15 mil candangos não resistiram e pagaram 60 reais para ver um jogo que, antes de a bola rolar, não prometia nada especial.

O que viram do Fla? Um time ousado, diferente e surpreendente. Um meio-campo que, bem entrosado, será enjoado, um contra-ataque mortal e um menino que, sem cabelinho pro alto ou dancinha em comemoração, já mostrou a que veio. Coisas que chamaram mais a atenção do que o desespero em toda bola aérea.

E do Vasco? Em resumo, semelhante ao rival, com uma diferença. As chances foram criadas, mas seja por Felipe, trave ou incompetência, não foram concluídas. Assim, a também fraca defesa foi mais notável.

Esses 15 mil sortudos presenciaram um legítimo clássico, mesmo não sendo de tanta importância. Um jogo para final nenhuma botar defeito.

Dois times que, arrumando a defesa, podem ir longe. Agora, passam a dar esperanças de um ano bom.

Para o Flamenguista, que não precisa racionar após uma vitória como essa, o ano está ótimo. Melhor, impossível!

O Rubro-Negro considera uma goleada. O Cruzmaltino, uma derrota. Os dois, um início, uma promessa de dias melhores.

Se o nível da partida fosse anunciado com antecedência, teríamos lotação máxima. Não foi. E 15 mil acreditaram na mística que envolvia o jogo, já que não havia promessa de emoção.

E então, Mengão e Vascão presentearam aqueles 15 mil teimosos, apaixonados que pagaram 60 pratas. Saiu barato!

Não dá para fugir do clichê. Foi um jogo sem palavras.

Um jogo Nixon! Um jogo Dakson!

Um jogo de dois gigantes.

E 15 mil felizardos.

@_LeoLealC