30 maio 2014

O padroeiro do Horto


Era um dia frio em Belo Horizonte, mesmo que o céu limpo tentasse dizer o contrário. Quinta-feira, mas a cidade estava vazia, fora de sua rotina, pois era feriado.

Metade dela, diante daquele céu azul, decidiu viajar ou buscar um sossego em casa na folga. A outra, sem saber direito se haviam ou não nuvens, pois consegue enxergar apenas preto e branco quando olha pra cima, só pensava no que poderia ocorrer dentro de um certo caldeirão verde naquela noite.

O Galo jogava o futebol mais vistoso das Américas e receberia, com a vantagem do empate, um mexicano inferior a ele. Cenário perfeito para mais um show, classificação sem sustos e uma noite tranquila.

Mas eles não se preparavam para um exibição de gala, e sim uma guerra. No entorno do estádio, via-se mais máscaras do Pânico do que bandeiras. O clima era de medo, medo de que algo desse errado, de novo.

Não adianta, se você não é um deles, não irá entender.

Quem via de fora, achava que seria bem fácil. Eu, sinceramente, nem vi o primeiro tempo. Tinha quase certeza de que vinha mais uma goleada.

Liguei a TV nos 45 minutos finais. Então, o que se passava pela cabeça daquela gente ficou um pouco mais claro.

Realmente, não vi um show. O jogo era tenso e, mesmo que o resultado fosse exatamente o que o Atlético precisava, o semblante de 20 mil rostos soava algo estranho.

Até que em uma sobra espírita, um ser de vermelho cai na área e o árbitro aponta para a cal.

Instantaneamente, pôde-se ouvir o barulho ensurdecedor de um silêncio doloroso. Àquela altura, se alguém espirrasse na arquibancada, até quem assistisse pela TV ouviria. 

Lágrimas começaram a cair, até das máscaras, àquela altura, já humanizadas. Sujas, bem sujas. Poluídas por tristeza, dor, decepção, angústia... 

- Mas de novo?

Só um indivíduo poderia limpá-las.

Victor Leandro Bagy sempre foi um goleiro bem reconhecido pela sua capacidade. Já foi eleito o melhor do Campeonato Brasileiro e de vez em quando pintava na Seleção.

Para o Galo, se transferiu numa troca bem vantajosa, quando o principal problema do time era no gol. Depois de quase um ano defendendo o Atlético, a torcida gostava muito dele.

Mas, para eles, ainda era apenas um competente ser humano.

Num Independência completamente calado, cabia a ele o derradeiro grão de esperança de que o caldeirão não fosse tragicamente esfriado.

O juiz apitou, um homem de camisa vermelha foi em direção à bola e muitos ali fecharam os olhos. 

Naquele percurso entre a bola e a meta, 105 anos de história se resumiam na mente daqueles desolados cidadãos em silêncio.

- Mas de novo?

Victor caiu, mas seu teimoso pé esquerdo ficou. 

Então, na guerra, um dos onze soldados se despersonificou. 

A explosão, o grito, a alegria, as lágrimas.

Desta vez, limpas.

E no ano do início de um novo papado, um certo povo tratou de iniciar uma canonização. 

A partir dali, a palavra "herói" se tornava vaga, insuficiente.

Na noite de pânico, viu-se um milagre. Não de um goleiro, mas de um santo com luvas.

Dali em diante, o atleticano que passa por ele e não pede benção é um infiel. 

Tem gente que só acredita vendo. Aqueles 20 mil, mesmo tendo visto tudo de perto, ainda não creem. Muitos deles, ainda acreditam estar vivendo aquele dia.

Dia 30 de maio de 2013. Na cidade do Galo, deveria se transformar em feriado.

No Horto, foi o dia em que o tempo parou.

O dia que em que a América criou uma crista. A noite em que a órbita terrestre se inverteu.

E o Horto se tornou uma igreja, onde qualquer infiel se converteu.

Feliz dia de São Victor.

@_LeoLealC

Leia também: E se...?

28 maio 2014

10 vezes. Um sonho Real


O Atlético de Madri é um senhor ex-classe baixa que conseguiu um emprego público de salário razoável e estabilizou sua vida, que andava na pindaíba. É daqueles que sofreram um pouco na infância e pensam que agora "o que vier é lucro".

Pelas dificuldade que passou, é compreensível que não seja tão ambicioso. Não precisa viver exageradamente bem, basta viver bem.

O Real Madrid é como um homem bem-sucedido, desde a adolescência. Tem tudo que todo sujeito sempre sonhou e, na teoria, já poderia se aposentar e apenas curtir a vida.

Mas este, ao invés do conterrâneo, quanto mais tem, mais quer. Pois desde cedo, se acostumou a vencer.

Ambos estavam em busca de uma tal orelhuda. Para os colchoneros, a taça. Para os merengues, a décima taça.

Enquanto um se deliciava em sonhar tocá-la pela primeira vez, o outro já se sentia incomodado por estar 12 anos sem vê-la.

Carregá-la, para o Atlético, era utopia. Para o Real, ia se tornando uma obrigação.

Um sempre achou que a orelhuda era "muita areia pro seu caminhãozinho". O outro compra um caminhão diferente por ano, até aguentar.

Para quem viu de fora a temporada que fez o Atlético, ela estava bem perto dele. Só ele não a via.

E durante o jogo, com a vantagem no placar, olhava pra ela e dizia: "Não, não pode ser".

45 do 2° tempo, "não, não pode ser real!".

Pode ser real. Pode ser Real. Real Madrid.

Ele é muito grande pra ficar tanto tempo sem sentir esse gosto apenas para o rival sentir pela primeira vez.

E então uma camisa branca aparece na área e põe de volta tudo em seu devido lugar, fazendo a listrada acordar de um sonho, enquanto ela ia dormir tranquila.

Pela décima vez.

Para o Atlético, seria lucro. Sem ela "tá bom assim".

Para o Real, necessário. Sim, ele precisava mais.

Mas pra que tanto buscar a décima, se já tem tantas?

Para poder buscar a décima primeira.

@_LeoLealC

23 maio 2014

Oxalá, Talisca!


Era uma vez um time sofrível de se assistir, que já no começo do Campeonato está na dúvida se irá calcorrear pelo desalento do meio-de-tabela e do "tanto faz", ou se viverá no pânico e do medo da tragédia que o degrau abaixo pode lhe causar. Em resumo, um flauteio à instituição que representa.

Era uma vez um simpático bar (dessa vez, de verdade) em Copacabana, onde alguns apaixonados rubro-negros viam 11 sujeitos entrarem em campo com uma camisa preta. No mínimo, um ato de respeito ao pano principal que costuma cobri-los, pois este não merecia ser tão desonrado mais uma vez.

Era uma vez uma baiana, uma senhora de certa idade, amiga da galera deste bar. Torcedora do Bahia, tinha um jeito que sugeria algum pequeno problema mental ou uma certa embriaguez. Era a xodó do pessoal e ficava ali, na dela.

Enquanto a TV transmitia o jogo, ela não desgrudava suas orelhas de um chamativo aparelho de rádio, lembrando tempos de Jorge Cury e Waldir Amaral.

Chega um, chega outro, e poucos flamenguistas, bastante desanimados com a situação do time, se agrupam e vão assistindo à partida.

Às vezes, a cidadã olhava pra TV, e quando esta dava o close em alguém de branco, ela gritava: "É o meu Baêa!".

Ninguém ali imaginava que a baianinha de Copa torcia de verdade. Muitos até achavam que o rádio estava desligado, mesmo os ouvidos da moça não saindo dali.

Mesmo com o placar em 1 x 0 para o Rubro-Negro no segundo tempo, o grupo de torcedores não mostrava nenhuma animação, muito pelo contrário. Ao ver o Tricolor Baiano muito melhor em campo, pareciam ter certeza que uma hora a casa ia cair.

Era um pessimismo que lembrava muitos amigos alvinegros, por exemplo. A cada lance, uma cornetada em alguém.

E a baiana continuava ali, sentada e tranquila.

Até que todos os flamenguistas do bar começam as gozações com a senhora por volta de uns 35 minutos, quando o jogo voltava a ser equilibrado e o Fla ia chegando perto da vitória.

A partir dali, ela, furiosa, começa a se preocupar de verdade com a partida. E mal sabiam eles - provavelmente ainda não sabem - a entidade com a qual foram se meter.

Talvez essa força sobrenatural que começava a voar da Zona Sul a Macaé tenha feito um dos flamenguistas ali presentes dizer a seguinte e lacrimejante frase:

"O Negueba joga muito.".

Aí, então, pôde-se ter a certeza de que uma hora alguma coisa daria errada.

Do rádio para a TV a cabo há um delay de uns cinco segundos. Mas ninguém pensaria nisso aos 47 do segundo tempo vendo uma falta contra seu time. Sem contar que ninguém tinha também a certeza de que o rádio da moça funcionava.

E enquanto Talisca se preparava pra cobrar, a agora fanática tricolor já gritava: "Dentro! Dentro! Dentro! É meu Baêêêêa!"

Cinco segundos depois, ele foi pra bola e... dentro!

- Mas como essa mulher sabia que ia ser gol? Que espírito doido foi esse?

- Ah, claro. O rádio.

E então os flamenguistas, que pareciam já saber o fim que teria a partida, abaixam a cabeça e aceitam o resultado de forma pouco já vista.

Mas e se não provocassem a baiana?

Brincaram com fogo. Se queimaram.

Aí o juiz apita, ela se levanta da cadeira e diz: "Vocês acharam mesmo que baiano ia dar mole pra vocês?"

Pois é. Dessa vez, não.

Mandinga, essência, candomblé?

Alguém, mas de carne, osso e chuteira.

Alguém, chamado Anderson.

Alguém.

Talisca.

@_LeoLealC

20 maio 2014

O boteco (agora é bar), o bêbado chato, o sóbrio


Um boteco muito querido na Zona Norte do Rio passou por reformas, mudanças e agora é um bar com música ao vivo, cerveja mais cara e uma clientela mais elitizada.

Os mais antigos, é claro, não curtiram o novo estilo. Eles preferiam o chopp simples, com aquela carne vindo da churrasqueira enferrujada, jogando sinuca com o dono. Os mais novos acharam bonito e que vale a pena a modernização.

O boteco vivia lotado, sempre com os amigos de seus 4 clientes cariocas ilustres. Agora, moderno, mais caro, ainda não caiu tanto no gosto do povo, que não se habituou a voltar à rotina.

Neste domingo, o bar recebia de novo um de seus protegidos, o gente boa da favela, amigo do povão, mas que não andava muito legal. Contas atrasadas pra pagar, brigas com a mulher, filho de recuperação, várias coisas que deixam qualquer homem desolado. Enfraquecido e sem muitas esperanças de se reerguer a curto prazo, o rapaz tirou o dia pra afogar as mágoas e encher a cara.

- Põe a cerveja na minha conta que depois eu pago.

O dono, que o adora, não conseguiu dizer "não" e acolheu o sujeito.

Enquanto isso, chegava um cidadão paulista que costuma visitar o estabelecimento umas 3 ou 4 vezes por ano. Ele não estava tão mal na vida quanto o carioca, mas acordou mal-humorado e saiu de casa pra tentar melhorar o dia. Decidiu ficar só na dele, acompanhado apenas de um refrigerante.

É um cara inteligente, centrado, equilibrado. Com isso, não tenta buscar no álcool a redenção de seus problemas. E domingo, ele não estava pra papo.

Mas o carioca, já meio alterado e sem um pouco da noção, chegou pra puxar assunto falando alto, batendo nos ombros e enchendo o saco do paulista, que no começo disfarçava fingindo estar com paciência, mas depois não aguentou.

Depois do carioca, já cheio de álcool na mente, sentar à sua mesa, colocar apelido e meter a mão no seu petisco, o paulista pediu pra ele parar. Com a recusa, partiu pra briga e, mesmo com a turma do "deixa disso" chegando para apaziguar, conseguiu dar um tapa no rosto do bêbado, que poderia ser suficiente pra ele perceber que estava incomodando.

A briga se resolveu, o ambiente voltou a ficar tranquilo e o paulista até começou a abrir um sorriso conversando com um pessoal. O dono do bar também chegou pra ele e pediu pra relevar as ações de seu protegido, pois "bater em bêbado é covardia".

A conversa foi rolando e o bêbado foi se aproximando de fininho. Seu desafeto, dessa vez, relevou e aceitou as brincadeiras do rapaz.

O paulista, se quisesse, poderia espancar o carioca debilitado até deixá-lo desmaiado. Mas, talvez, achou que brigar não era a melhor saída. Assim, deu confiança para o embriagado, até demais.

Porém, pra tudo há limites.

Sem assunto, o carioca alcoolizado voltou a perturbar o sossego do sóbrio, que dessa vez, se segurou mais que o de costume, devida fraqueza do homem.

Até que no fim do dia, o rapaz embriagado, já fora deste mundo, começou uma série de insultos ao perturbado, que à esta altura já estava bastante estressado com o sujeito.

E depois de se controlar tanto, o paulista acabou partindo pra briga novamente e atingindo de novo o rosto do alcoolizado.

Este, por sua vez, carregado, foi então pra casa.

O homem sóbrio então percebeu que era só mandar logo o chato embriagado embora que sua tarde seria tranquila.

Porque bater nele foi fácil. Muito fácil.

Bastaram dois tapas pro bêbado sentir sua inferioridade e ir dormir.

Assim, o sóbrio ganhou o dia e saiu dali satisfeito.

Pois quem acorda mal-humorado tem sempre a vontade de bater em alguém.

Mesmo que seja num bêbado.

@_LeoLealC

Foto: André Durão/Globoesporte.com

17 maio 2014

Uma noite "milagrosa"


Poderia, o Cruzeiro, ter se arriscado mais na Argentina pra sair com um resultado melhor.

Poderia, a Raposa, ter entrado na pilha na volta. Não a dos argentinos, mas sim a do jogo.

Poderia, o Cruzeiro, não fazer parecer um "tanto faz" um jogo tão importante.

Poderia, o Papa, não ter apelado para intervenções divinas quando Marcelo Moreno beijou com a canela as duas traves.

Poderia, o Cruzeiro, ter acordado mais cedo. Poderia, pra isso, o despertador ter tocado.

Não tocou. Acontece.

Poderia, então, ter acontecido em uma hora menos decisiva, de forma menos cruel.

A noite no Mineirão, que se pintou de azul, poderia ser heroica, de uma virada. Mesmo que isso prejudicasse o sono do tal Francisco.

Só não poderia ser trágica. E eles, de azul, não acreditavam neste desfecho doloroso, embora a bola que correu a linha batendo nos postes já desenhasse o final.

Ele foi triste, doloroso e trágico. Com isso, o Papa pôde enfim dormir tranquilo.

Enquanto antes do apito final não existiam ateus de azul na arquibancada, eles se multiplicaram de forma milagrosa na saída do estádio.

Pois um dedo divino transformou o sono de muitos num inferno.

Mas no Vaticano, ele estava garantido.

Vida que segue, Cruzeiro. Você tem time pra ir longe.

E ainda esse ano.

@_LeoLealC

07 maio 2014

Fechou!


Saiu a lista! Coerente, sensata, sem nenhum absurdo. As grandes discussões são em torno de 2 ou 3 reservas, o que mostra que o provável time titular é praticamente incontestável e que a convocação foi bem aceita.

Felipão tem o grupo na mão e só trocou algumas peças isoladas. A base da Copa das Confederações é um ótimo time, o melhor a se tirar, e por isso ele não quis fazer nenhuma mudança radical.

Eu chamaria o Phillipe Coutinho, e como titular. Sim, seria um risco colocar um menino que não tem experiência profissional com a Amarelinha para os sete jogos mais importantes da década. Mas não tem jeito, eu não consigo confiar no Oscar.

Espero que nosso 10 faça como Luiz Gustavo em 2013, cale minha boca e coma a bola. Mas hoje, meu meia seria o Coutinho.

Além desse, eu trocaria outros três nomes na minha convocação. Segue abaixo meu time, inclusive com o desenho da equipe titular:

Se não gostar, pelo menos dá uma moral pra arte feita pelo amigo Rodrigo Consoli, designer e, nas horas vagas, estudante.


Creio que os volantes de Scolari serão Luiz Gustavo e Paulinho, pra manter o que deu certo. Mas eu colocaria Fernandinho e Ramires para dar mais velocidade à saída de jogo e tornar o time mais compacto.

Por que o Miranda e não o Henrique? Pela temporada que o ex-são paulino fez no Atlético de Madri e pelo fato do Henrique ter sido recentemente aproveitado como lateral, volante, gandula, tudo, menos como zagueiro.

Filipe Luís no lugar de Maxwell é por simples preferência mesmo.

Tiraria o Jô pra colocar o Robinho? Sim. Jô não vem em uma boa fase há um certo tempo e confio muito no Robinho com a camisa da Seleção. Mesmo quase não jogando no Milan, e também num mau momento, ele sempre joga bem pelo Brasil.

E quem seria o reserva do Fred? O próprio Robinho. Ou ele poderia ser o falso 9, ou iria pra direita, já que o Hulk também joga de centroavante.

E o William? E o Bernard? William seria meu reserva pro Coutinho. Bernard, meu reserva pro Neymar.

Mas pela Copa das Confederações que fez o Jô, é um nome que também não chego a contestar.

Embora mudasse 4 na minha lista, gostei da convocação. O Coutinho seria um risco que iria correr, talvez uma invenção. E não é do feitio de nosso técnico inventar.

Eu não gosto muito do Daniel Alves. Mas por falta de opções e desconhecimento da fase do Maicon, seria meu titular também.

O Hulk? Se adaptou ao time, ao esquema e hoje é importante. Ganhou a confiança.

Fora isso, três reservas, que embora eu trocasse, não achei nenhuma asneira.

O grupo está fechado, nosso técnico está convicto.

Felipão não precisa provar nada a ninguém, principalmente comandando a Seleção. Portanto, não sou eu quem irá reclamar.

Aceito, apoio e confio.

Eu estou com o Brasil! E nem por isso apoio a CBF ou vou votar na Dilma em outubro.

Se você não está, boa sorte com sua "Geração Belga", seu "Tic-taca" ou o número de curtidas na sua foto com a máscara do Anonymous.

Seu problema não é com o futebol, e sim com o futebol brasileiro.

Sinto lhe informar, mas ele não é o culpado.

Estou fechado com a Seleção!

E disseram por aí que vai ter Copa sim...

@_LeoLealC

Palpitômetro amarelo

A hora da convocação está chegando. Felipão conseguiu unir o grupo de uma forma que 95% dos prováveis nomes da lista serão unanimidade, o que é bastante difícil.

Mas sempre tem um ou dois que não concordamos e aquele nome que gostaríamos muito de ver vestindo a amarelinha na Copa.

Amanhã, após Scolari anunciar sua lista, escrevo aqui os 23 nomes que eu convocaria. Agora, digo os 23 que acho que o técnico irá chamar.

Na tentativa de adivinhar (com a certeza de que irei acertar) o que passa pela cabeça do nosso comandante, lá vai:

GOLEIROS:

Júlio César
Jéfferson
Cavalieri

LATERAIS:

Daniel Alves
Marcelo
Rafinha
Filipe Luís

ZAGUEIROS:

Thiago Silva
David Luiz
Dante
Miranda

VOLANTES E MEIAS:

Luiz Gustavo
Fernandinho
Ramires
Paulinho
Hernanes
Oscar
William
Bernard

ATACANTES:

Neymar
Hulk
Fred


E você, quem acha que Felipão irá levar?

Dos nomes acima, eu trocaria 4 deles, e direi amanhã quais. Por enquanto, fica no palpite.

Aliás, palpite não. Está aí, em primeira mão, a convocação da Seleção Brasileira para a Copa de 2014.

Depois não diz que não avisei...

@_LeoLealC

05 maio 2014

Um Fla no limite, um técnico salvo


Uma partida como a de hoje costuma valer mais que 3 pontos. É um divisor de águas, que determina se haverá uma mudança, se ela será radical, ou se ainda vale a pena dar uma chance à situação e mantê-la.

Entre a dúvida sobre o que pode este time do Flamengo fazer no Brasileirão e o consenso de que não deve ir longe, hoje pôde-se ter uma certeza:

O time é ruim, mas apenas ruim.

Uma derrota neste domingo provavelmente tiraria o emprego do Jayme. Mas nem por isso alguém tirou o pé, correu menos e esperou a chegada de um novo comandante pra mudar a postura.

Ele não me agrada como técnico, mas não há muito o que se fazer com o que tem em mãos. Mesmo assim, porém, ele quis inventar.

Só há um meia disponível e o problema da equipe é na criação. O que Jayme faz? Deixa o meia no banco e inventa um esquema com 4 atacantes. Nenhum deles voltando pra marcar, o segundo volante sendo obrigado a sair pra fazer a bola chegar na frente e deixando um buraco na intermediária de defesa, enquanto seu adversário tem no meio-campo seus dois únicos jogadores de perigo.

Resultado: um baile do Palmeiras no primeiro tempo.

Aí bastou os 15 minutos de intervalo e uma mudança. Não de postura, pois o problema não era a falta de vontade. Correr, o time estava correndo.

Bastou apenas a saída da loucura para a entrada do simples. Enfim, o meia estava em campo. E dos pés dele, saem os dois gols da virada.

E então, o baile muda de lado.

Mesmo que possa melhorar um bocado com a volta dos desfalques, a equipe do Flamengo ainda é fraca. Mas a do Palmeiras também é. Portanto, não se pode haver uma ilusão com a vitória.

Mas dela, se tira lições.

A Jayme, que qualquer invenção pode ser um suicídio. Ou, no mínimo, um pedido indireto de demissão.

Aos jogadores, que a maior responsabilidade está dentro das quatro linhas, não na área técnica. E não vai ser Jayme, Guardiola ou Telê que dali vão tirar leite de pedra.

Bom, parece que eles entenderam.

O time é limitado, mas quando chega ao seu limite, pode ser competitivo, no mínimo. Basta que o técnico deixe.

Hoje ele deixou, mesmo que tenha demorado 45 minutos.

Assim, foi salvo. Pelo meia, pelo matador, pelo simples.

E principalmente, porque seu material, mesmo ruim, tem vergonha na cara.

@_LeoLealC

01 maio 2014

Quando o dinheiro não basta


Se você acha que tradição se compra e vê como linda a forma como todos esses moneyclubs se tornaram "grandes", pare por aqui. Não estou escrevendo pra você.

Eu não gosto do Chelsea e acho esdrúxulo o jeito que esse clube cresceu. Antes da chegada do russo bilionário, era um time, no máximo, médio na Inglaterra. Até hoje, por exemplo, eles não são os maiores rivais do Arsenal, que também é de Londres. A maior rivalidade da capital inglesa é entre Arsenal e Tottenham.

É como se o Eike Batista comprasse um Figueirense da vida, enchesse o clube de dinheiro, montasse um timaço, começasse a ganhar alguns títulos importantes e, a partir daí, o Figueira fosse conhecido como um dos maiores do Brasil.

Nem vou me aprofundar sobre todas as acusações e envolvimentos do tal do russo bilionário porque aqui não somos nenhum exemplo de dirigentes bons e honestos.

O Chelsea pode ganhar 10 Liga dos Campeões consecutivas que, pra mim, não vai mudar seu tamanho. Grandeza e tradição não se conquistam apenas com títulos, ainda mais quando o maior responsável é o dinheiro. Vide o Arsenal, que nunca levou a Champions, mas tem uma camisa estratosfericamente mais pesada e respeitada.

Não gosto também de clubes como Manchester City e Paris Saint-Germain, que nunca foram nada e seguem a mesma filosofia de tentar negociar respeito e tradição na Bolsa de Valores.

Tudo bem, o PSG tinha uma pequena história no país dele. Mas no Campeonato Francês, o Figueirense também seria um time de respeito. E sem o Eike Batista!

Hoje em dia, os verdadeiros grandes da Europa também são bilionários. Só que nesse caso, o dinheiro não foi o responsável pelas respectivas histórias gloriosas, e sim consequência.

Por isso, criei uma simpatia pelo Atlético de Madri, que não acho grande.

A distância dele para clubes como Real, Barça, Bayern, Milan, Liverpool é enorme. Mas o que esta equipe vem fazendo nesta temporada chama a atenção e é de obrigatória admiração.

Eles seguem um caminho totalmente oposto aos pseudo-grandes. Sem nenhum sheik, nenhum bilionário que não tem mais com o que gastar dinheiro, nada! Na dele, na bola.

Mesmo assim, está batendo de frente com os grandes. E com o Chelsea.

Ah, e sem estacionar ônibus.

O Atlético de Madri é um exemplo a ser copiado e uma esperança. Ainda há  futebol que o dinheiro não compre.

E por isso, torci muito por eles nesta quarta e torcerei muito na final.

Não precisa ser um time diferente. Basta pensar diferente.

Boa, Atlético!

A você, Chelsea, um abraço.

Que seu dono saiba onde enfiar tanto dinheiro. E diga para seu técnico estacionar seu ônibus nas Casas Bahia.

Porque final, agora, só pela TV.

@_LeoLealC

Foto: Sergio Perez/REUTERS