24 maio 2012

Fazer o quê?

(Foto: Globoesporte.com)
É a hora de não pensar, não dizer uma palavra e tentar esquecer, por mais impossível que seja. Não era o dia. Tinha tudo para ser, mas não foi, não era para acontecer.

Os cenários mais perfeitos para tragédias são aqueles mais preparados para a glória, onde tudo vai bem e, num instante, o inesperado acontece, transformando a alegria e a motivação em um só sofrimento, na mais lamentável tristeza.

Procurar culpados, além de uma senhora perda de tempo, pois não existem, é de extrema ignorância e falta de bom senso. O Fluminense não foi brilhante como vinha sendo, mas não há como a equipe manter o nível de atuação sem Fred e Deco. Em campo, os suplentes podem se esforçar, dar tudo de si, mas a parte técnica faz enorme diferença.

Assim como fez quando, por um momento, a bola caiu no pé de um maestro, o único no fraco time do Boca que sabe tratar a redonda com devido carinho. 

Não há como falar de Libertadores sem falar nos sentimentos e calafrios que proporciona. Não é apenas para se jogar, é para se viver. E ninguém a viveu mais que o Tricolor, ninguém fez tanto sua torcida sonhar, acreditar no "agora vai".

E, se o jogo não fosse ontem, "agora ia".

O Flu foi melhor, mas o sobrenatural o tirou. Algo que fez Cavalieri espalmar para o lugar errado e Santiago estar ali, na hora certa, no lugar certo. Melhor que em 2008, contra um Boca inferior ao do mesmo ano, a lógica e a justiça, que nunca se deram muito com o futebol, também não se entenderam com o Tricolor.

O torcedor tricolor, já acostumado com suas vitórias épicas, inesperadas, provou de seu próprio veneno.

Assim, quem mais viveu a Liberta teve a morte mais dolorida. 

Uma maldade que aprontaram os senhores deuses do futebol.

Agora é cabeça no Brasileirão, onde essa equipe vai dar imenso trabalho. Jogando desta forma, o Fluzão está entre os 3 principais candidatos ao título.

O mundo acabou por um dia. E só.

Não deu dessa vez, mas o ano continua, o brilho não se apaga.

Vida que segue...

@_LeoLealC

21 maio 2012

Você pode, Glorioso!

Um péssimo hábito de, em um instante, tornar errado tudo que vinha acertando, uma estranha mania de não acreditar em si, de jeito algum, mesmo quando as condições sejam favoráveis. O botafoguense, tendo sua parcela de culpa, já se acostumou. Em todo jogo, o Botafogo enfrenta a si próprio, antes do adversário.

Bastaram os dois jogos da final do Cariocão e um jogo no qual tudo de errado que pudesse acontecer, aconteceu, para que o "Fogão invicto, imbatível no Engenhão" desse lugar ao mesmo "timinho de bonecas" que tanto dá quanto tira o sono, pelo menos na cabeça pessimista dos torcedores.

Pera lá, meu amigo! Não é possível que todo mundo desaprendeu. Tá, Elkeson talvez. Mas, Oswaldo de Oliveira armou um senhor esquema, tem peças que teriam lugar em qualquer equipe do Brasil e, antes do Flu resolver brilhar, o Bota jogava o melhor futebol do Rio.

Ontem, demorou um tempo para que a equipe se tocasse de sua capacidade. Foi quando o chilique de "não vai dar mesmo" ficou no vestiário.

Contra o bom time do São Paulo, o Glorioso mostrou que tem força e gabarito para ir bem no Brasileirão, o que todos sabem, mas por ser o Alvinegro, desconfiam.

Confiando em si, o Fogão vai longe. Nesse início de campeonato, sem outro para se preocupar, a equipe tem, sim, motivos para se animar.

Para a tabela, foram 3 pontos.

Para a autoestima, um calmante.

@_LeoLealC

17 maio 2012

Deixa eu jogar, professor!

Sim, técnicos são supervalorizados. Sim, o poder que lhes dão é absurdo, exagerado. Mas, às vezes, é compensado (dependendo do ponto de vista, é claro). Eles também ganham jogo. Da mesma forma que perdem, do mesmo jeito que podem atrapalhar o espetáculo.
(Foto: Lancenet)

Eu, você e qualquer um esperávamos algo melhor em Vasco x Corinthians, algo que realizasse as expectativas. O que se viu foram dois tempos distintos, onde os jogadores até que tentaram, mas os comandantes não deixaram.

No primeiro tempo, o Timão impôs parte de seu ritmo. Porém, as jogadas não variavam, não saiam dos pés de Fábio Santos, Danilo e Sheik. Com Jorge Henrique isolado na ponta-direita, sem uma referência na área, a equipe do Parque São Jorge chega sempre ao ataque, mas não sabe o que fazer, da intermediária em diante. 

Nesse esquema, Alex é muito mal aproveitado, estando perdido, sem saber onde se posicionar, sendo uma preocupação a menos para a defesa adversária. Bastava uma referência em seu lugar, fosse William ou Élton, para a equipe ter o domínio da intermediária de ataque. Pois, assim, haveria uma cautela vascaína quanto às subidas de seus volantes.

Na segunda etapa, com sua livres saídas de bola, o Cruzmaltino acordou para o jogo. Ou, pelo menos, se propôs a isso. Já não é mais surpresa a capacidade que tem Cristóvão de atrapalhar o andamento da equipe.

A organização foi o fator mais preponderante para que os dois times chegassem onde chegaram, mas não basta. É preciso agressão, desejo de vencer. Hoje, isso esteve longe de São Januário.

Organizados, porém medrosos, Vasco e Corinthians fizeram um jogo feio. No máximo, duas chances claras de gol. Algo bem aquém do que se pode esperar.

Empate justo. Se foi bom para alguém, eu realmente não sei.

Jogo ruim, mas com atuações individuais que não decepcionaram. Os 22 em campo buscaram fazer por onde, tentaram se impor.

Assim, obviamente, chegamos aos culpados.

@_LeoLealC

11 maio 2012

Já vi esse filme

Pelos dois confrontos, ambos mereciam a classificação. Fluminense e Internacional, os dois brasileiros que, nos últimos anos, mais estão vivendo a Libertadores, sentindo-a na pele, fizeram, sem dúvidas, o melhor confronto das oitavas.

Onde tudo era igual, o momento fez a diferença. Detalhes que traçam o destino, que vem sendo bem carinhoso com o Tricolor.

O Flu não tem o melhor conjunto, mas hoje, junto com o Santos, tem a torcida mais tranquila e satisfeita no Brasil.

Reclamou do fato de enfrentar o Inter logo cedo. Agora, comemora o quanto isso lhe fez bem.

O Inter, pela campanha que vinha fazendo, em parte, merecia um pouco menos. Hoje, foi um pouco melhor, mais lúcido. Mas essa pouca diferença externa pôde ser encoberta por um fator interno.

O espírito guerreiro, que vem das Laranjeiras, é uma força que tem o poder de chamar o jogo para si, sabe-se lá como. Assim, o Flu se tornava superior em campo, mesmo que emocionalmente, até mesmo quando o adversário demonstrava ser melhor.

E quando este fator se junta ao melhor elenco do Brasil, agrupando vontade e técnica, que nem sempre é tão visível, não há chance de, em campo, alguém ser superior ao Tricolor.

Igual, talvez. Superior, jamais.

O Colorado, jogando como hoje, vai além. Com a volta de D'alessandro e a permanência de Oscar, vai ainda mais adiante. Compacto e paciente, como hoje, o Inter vai dar um enorme trabalho no Brasileirão.

Do lado vermelho, a eliminação não é motivo para enfiar a cabeça na privada.

Mas, em compensação, a classificação, do jeito que foi, torna do Flu a equipe mais fortalecida entre as 8 das quartas-de-final.

Sem sofrimento, sem emoção, não é Fluminense. Foi inesquecível.

Vem o Boca, de novo. Um time que, sem Riquelme, é fraco. Com o craque, é apenas normal.

Tudo bem, olhando apenas o lado do futebol jogado, o Tricolor ainda não está "essas coisas".

Mas é mais que os argentinos, tem um número maior de peças que possam chamar o jogo para si, sejam materiais ou emocionais.

O Boca vem apostando em sua camisa. O Flu, em seu nome e alma. Portanto, leva vantagem.

Pois, a partir de agora, tudo que contenha o nome "Fluminense", causa medo. Não há camisa ou tradição que resistam aos calafrios.

Podem tremer, Riquelme & cia.

@_LeoLealC

10 maio 2012

É assim, é diferente

Não seria vexame, vergonha ou qualquer barra forçada por algum jornal sensacionalista no dia seguinte. No entanto, se o Vasco fosse eliminado, sua derrota seria vista em alguma dessas categorias.

Seria vitória do Lanús, não derrota cruzmaltina. O adversário também tem time, Libertadores não tem "babas", jogar nos caldeirões argentinos é realmente difícil.

Cristóvão fez de tudo para complicar. E complicou, mais uma vez. Dedé fez falta, e o sistema defensivo sentiu, mais uma vez..

O que parecia se tornar fácil, virou desespero. Seja no primeiro confronto, no qual teria uma vantagem maior, seja hoje, onde, consequentemente, seria uma partida de tranquilidade.

Mas e daí? Sem erros, todas as partidas terminariam 0 x 0. Não adianta olhar apenas para o próprio nariz. O oponente também erra, acerta, complica e facilita. O futebol é um jogo movido por dois personagens, onde o equívoco de um, acarreta o triunfo rival.

O Gigante da Colina é um time que atrai a emoção para si. Hoje, em certo momento, a confundiu com covardia, mas a virou em seu favor, como vem fazendo regularmente. Assim, por mais que existam mil motivos para desconfiança, os torcedores acreditam, não perdem suas esperanças.

Ninguém gostou da escalação do Nilton? Não tem problema. Do nada, ele solta um petardo e vira rei.

Prass não pega pênaltis? Sem preocupações. A bola pode subir mais um pouco e ir na trave.

Acha o Cristóvão fraco? Também acho. Mas, essa laranja podre não apodrece as boas. Fazendo besteiras, de um lado ou de outro, dá a sorte de estar à frente do comando Cruzmaltino no momento mais encantador da equipe no século XXI, onde o poder dessa camisa cobre qualquer burrada que possa ser feita.

Assim, errando (ou acertando, como quiser)  nas "horas certas", o Vasco não vê "tempo ruim" para ser Vasco. A qualquer momento, em qualquer chute, onde menos se espera. Torna-se uma surpresa previsível.

Equívocos que sempre são perdoados, esquecidos. Se o perdão irá permanecer, não se sabe. É Libertadores, é diferente.

Mas, uma coisa é certa. Esse time tem cara e jeito de tudo, menos de derrotado.

Um brilho que some durante o jogo, mas reaparece em seu final.

Algo que perdedores desconhecem.

@_LeoLealC

06 maio 2012

Para pra ver, que começou

(Foto: Globoesporte.com)
O Fluminense só havia convencido duas vezes na temporada. Até o momento, nos dois jogos mais decisivos, onde mais se precisou. Hoje, a ocasião pediu para que isso se repetisse. Pedido aceito. 

Sim, Lucas matou o Botafogo. Sua expulsão, seguida do gol da virada do Flu, abalou toda a estrutura alvinegra, cuja equipe já se sentia acoada pela superioridade tricolor. 

A partir daí, a vantagem técnica se juntou à numérica e se traduziu no placar. Com isso, o Bota, que pouco podia fazer, nada mais pôde. Só se enxergava verde, branco e grená no gramado do Engenhão.

Thiago Neves compensou, em uma partida, toda inoperância de uma temporada. O gol de Fred, junto com sua estrela, dispensam comentários. Deco mostra a cada jogo o porquê de ser o melhor meia em atividade no Brasil. Sóbis, às vezes, resolve fazer a diferença. Quando isso acontece, o "algo a mais" se torna cotidiano para as três estrelas.

Mas hoje, a recíproca foi verdadeira. Por não jogar nada em 80% dos jogos, o de hoje foi ainda mais brilhante. Quando é preciso, o Flu não amarela, mostra sua força.

A competência tricolor partiu de seu comando. Abel estudou o Botafogo durante toda a semana e aplicou um verdadeiro nó tático em Osvaldo de Oliveira.

Acredite, o Alvinegro não jogou mal. Fez o que pôde, enquanto pôde. Não há motivos para voltarem discursos pedindo saída de técnico e diretoria, protesto contra "time de bonecas", etc. Era uma campanha invicta que, talvez, sem a expulsão, pudesse continuar do mesmo jeito.

Foi apenas um dia em que nada deu certo.

Coincidentemente, em mais uma final. Mas, dessa vez, o mérito adversário foi maior.

Com a atuação de hoje, daria Flu com um a mais, um a menos, em qualquer campeonato, fosse em primeira fase, semifinal ou final.

Nome, mídia e grife não ganham jogo. Talento e competência sim. E quando todos esses fatores se agrupam, somando-se a um momento decisivo, o que resta ao adversário?

Parar, assistir e aplaudir.

Em parte, foi o que fez o Bota.

O show tricolor começou.

Virtual campeão, com sua real superioridade.

@_LeoLealC

03 maio 2012

Hora errada

Óbvio. O Vasco poderia ter saído de São Januário com uma vantagem muito mais agradável. Teve tudo para isso.

Agora, já foi. Em parte, escapou. Não só pelos seus dedos, não só dentro de campo. O Lanús possui uma equipe que, em certos momentos, incomoda. A atitude da torcida, quando o momento, que era brilhante, se tornou adverso, foi deplorável, digna de lamentações.

Cristóvão teve sua parcela de culpa? Sim, mas depois do gol argentino. Antes, a vontade da massa, de ter Felipe e Juninho juntos, estava sendo feita, o Cruzmaltino trucidava o rival. O Gigante da Colina vivia um momento ao melhor estilo 2011.

O gol de Regueiro, seguido da saída de Felipe, fez chegar aquela hora na qual paixão e razão dão um nó na cabeça de cada cidadão fanático a alucinado, na arquibancada, com a primeira levando vantagem e se saindo vitoriosa em 101% dos casos, ocasionando reações de certa involuntariedade, atitudes irracionais.

Hoje, essas atitudes prejudicaram a equipe. Depois disso, foi notável o desespero e a ansiedade dos atletas em campo. Um banho de baixo-astral e falta de confiança em quem havia esquecido tais termos do pensamento.

Os jogadores, que já mostraram a todos os sujeitos homens que são, fizeram de tudo para blindar o comandante, corretamente, e demonstraram uma índole e uma maturidade rara.

Ao menos, um bom sinal. O ambiente no grupo não se desgasta.

A vantagem ainda é vascaína. Há motivos para preocupações, mas não para desespero. Em 80% do tempo, foi amplamente perceptível o domínio cruzmaltino.

Porém, nos outros 20, tudo teimou em não dar certo. O Lanús, que é medíocre, mas não bobo, aproveitou.

O que já era para estar decidido, está em aberto. O passo, que tinha o Vasco, à frente dos argentinos, em questões técnicas, foi, de volta, recuado pela torcida. O emocional mal tratado custa caro.

O Vasco teve seus erros. Porém, os cruzmaltinos, em São Janu, que seriam seus aliados, se tornaram vilões, jogando contra, de forma inexplicável. Um curto espaço de tempo, em um jogo que parecia resolvido, que, agora, pode complicar o seguimento do clube na Liberta.

Foi o dia em que o filho exemplar resolveu fazer mal-criação.

Foi o dia no qual a Lua de Mel se tornou ameaça de inferno astral.

Agora, a pressão psicológica nos jogadores, na volta, será exagerada, além do necessário.

À toa.

Precisava mesmo?

@_LeoLealC