24 novembro 2015

Exorcismo


De São Cristóvão a Joinville, do goleiro ao 9, do jornal ao programa esportivo, da classificação aos resultados, qualquer pedaço de espaço ou imaginação assombra o Vasco em 2015.

Fantasmas a qualquer lado, medo, tensão, angústia... O que mais poderia causar calafrios aos cruzmaltinos?

Cair no mesmo estádio de 2013.

Uma derrota e pronto, já era. Rebaixado em Joinville, de novo. Assim, o vascaíno que parecia já conformado no fim do primeiro turno mas viu uma luz na reta final, se roía de terror.

Sim. Jogos do Vasco, neste fim de campeonato, se tornaram filmes de terror. Não pelo nível técnico, que agora é bastante aceitável se comparado há 3 meses atrás, mas pelo o que se carrega, na camisa, na consciência e na positiva esperança em cada 90 minutos passados.

Mas o Gigante da Colina, ao mesmo tempo, tirou o ano para acabar com assombrações de outrora.

O Carioca que não vencia há 12 anos, o rival que não vencia desde 2012 e, quando o "Escolhi acreditar" se tornava apenas uma prova de amor em vez de uma crença, surge a chance de expulsar o terceiro rebaixamento.

E na Arena Joinville, terreno de ar impuro ao Cruzmaltino, mais um fantasma foi exorcizado. No sufoco, no teste pra cardíaco, no aparelho que ainda funciona para auxiliar a respiração. Mas este, ainda este, também este, foi embora.

Para que a fé ainda tenha sentido, embora a situação ainda esteja bastante dramática. Para não se entregar e, no mínimo, morrer lutando.

Domingo, uma boa lembrança dentro de pesadelos. O Santos. Contra ele, o Vasco saiu do Z4 nas retas finais de 2008 e 2013, anos em que foi rebaixado. O mesmo Santos, que ano passado rebaixou Botafogo e Vitória num só campeonato.

No terror, surge um anjo. Falso, mas de considerável respeito pela lembrança.

A morte ronda, mais uma vez.

Mas além de ainda haver vida, também há a chance real de permanecer vivo.

Gigantes ressuscitam quando falecem. Mas dessa vez, embora em coma, o coração ainda bate.

E o pulso ainda pulsa.

Há cura.

@_LeoLealC

Foto: Carlos Jr.