21 fevereiro 2013

Descanse em paz, menino

Eu poderia estar escrevendo sobre futebol, dizendo que jogar na altitude é difícil e que o resultado não é tão ruim para o Timão.

O jogo? Esqueça. Eu não vi, você não viu, ninguém lembra. Pois quem viu, esqueceu.

Meus 14 anos foram a época em que mais ia ao estádio. Assim como todo apaixonado por futebol, o tenho como minha segunda casa e, até hoje, talvez seja meu programa preferido frequentá-lo.

Provavelmente deslumbrado e motivado com a chance de ver seu time, modesto, enfrentar o campeão mundial, o moleque foi ao jogo para viver a felicidade que o futebol proporciona ou, ao menos, ter a expectativa de vivê-la.

Por alguma obra mal-feita, injusta, a estreia de seu time se transformou em seus últimos momentos de vida. Se a hora dele havia chegado, que fosse em qualquer lugar, menos num estádio de futebol, onde esquecemos da vida e vivemos em um mundo paralelo, por 90 minutos.

O que fazer? Expulsar o Corinthians?

Se o estádio permitia a entrada de rojões e a grande maioria partia da torcida do San José, a culpa é realmente do Timão?

Se foi proposital ou imprudente, não importa. Já sabem o culpado, e ele vai responder. Mas responderá por si, e não por milhões, que não podem pagar por uma fatalidade.

Não podem, assim como não vão. Pois isso é apenas balela para virar manchete.

Quem é torcedor de estádio vai entender que a probabilidade de ter sido acidente é grande e que um cidadão não representa uma nação inteira. Quem é, e mesmo assim não entende, não é corintiano e age com clubismo apenas na intenção de ver o rival na pior.

A tragédia me tocou, particularmente, por eu pertencer à mesma tribo do rapaz, por saber que eu ou qualquer acompanhante poderíamos ter sido vítimas fatais apenas por sair de casa para apoiar o clube do coração.

Poderia ter acontecido comigo, com você, com qualquer um dos milhares presentes ontem ou qualquer corintiano, flamenguista, palmeirense, tricolor, ou torcedor do Íbis em qualquer estádio.

Aconteceu. E a vítima foi o Kelvin.

Meus sinceros sentimentos à família do rapaz.

Quanto a você, garoto, não se preocupe.

Pois se o céu é realmente o paraíso, futebol lá não falta.

Vá em paz, "parceiro".

@_LeoLealC

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