07 janeiro 2016

Abduzido com consentimento


Perdemos mais um. Novamente, o craque do Brasileirão foi sugado pelo buraco negro bilionário do futebol - assumo não ter conhecimento sequer da alcunha do clube shing ling -, dando adeus à Seleção, à visibilidade e à exigência de um nível tão alto nas próprias atuações.

Confesso que já cheguei a achar um absurdo o fato do jogador, no auge de sua forma física e técnica, abandonar seu clube, ou até uma chance de despontar numa grande liga da Europa, em troca de um maior ganho financeiro. Mas aí vi a entrevista de despedida do Renato Augusto e entendi o lado do cidadão.

É claro que é ruim para o campeonato brasileiro, péssimo para o Corinthians e incômodo até para a Seleção, que perde uma opção no seu ainda indefinido meio-campo. Mas não é esse o ponto. É algo que não se resume apenas ao futebol.

São muitas coisas que passam pela cabeça do cara. Estabilidade, família, garantias e mais inúmeros fatores. E é muito fácil pra nós, do lado de cá, analisarmos baseando-se apenas no que seria melhor esportivamente pra ele.

Ele também tem um histórico de lesões, o que causa uma preocupação. E ninguém sabe o dia de amanhã.

Eu sinceramente não faço ideia sobre qual seria minha decisão ao estar na pele dele, mas sei muito bem que ver tal amontoado de grana na minha frente me balançaria.

Some os três anos de contrato e você terá apenas uma Mega-Sena acumulada. Por mais que sua vida financeira vá bem, não há como fechar os olhos para a proposta, que sim, muda a vida.

Renato Augusto é um homem rico. Agora, será multimilionário e garantirá com sobras sua independência financeira até morrer. Assim, sua decisão é, no mínimo, compreensível.

Não acho burrice porque tenho certeza que, antes de bater o martelo, ele pôs todos os fatores na balança. Portanto, sabe o que está fazendo.

Burrice seria ir pra China achando que manteria o nível e continuaria sendo chamando pra Seleção como se estivesse brilhando no Campeonato Espanhol.

Mas a partir do momento em que ele sabe das consequências e tem consciência do que está abrindo mão, torna-se uma escolha sensata. E essa, temos que respeitar.

Nós perdemos. Mas ele tem o direito de escolher o que considera melhor pra si.

Há prós e contras. E na balança do Renato, os prós venceram.

Valeu, Renato Augusto. Seu auge foi bom, e muito bom, enquanto durou. Fará falta ao Timão e ao nosso campeonato.

Boa viagem! E não se esqueça de levar feijão.

@_LeoLealC

Foto: Gazeta Press

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