23 janeiro 2014

Aconteceu em 2013: O Vasco, o Maracanã e o casamento


Era dia 24 de outubro de 2013. O Vasco, que brigava para não cair no Brasileirão, enfrentaria o Goiás, pelo segundo jogo das quartas-de-final da Copa do Brasil. E no começo daquela noite de quinta-feira, um casal partiu em direção ao Maracanã.

Marcela é vascaína, daquelas que, como diz a música, levam a cruz de malta no corpo desde que nasceu. Já Gustavo é flamenguista fanático, ferrenho e alucinado. O rapaz, na melhor das intenções, levou sua amada ao jogo para agradá-la.

Ele foi em praticamente todos os jogos de seu time no ano e estava lá no dia anterior. Saiu dali em êxtase, feliz demais com seu Flamengo, que eliminou o Botafogo aplicando um sonoro 4 x 0.

Ela nunca havia visto seu time de perto. Nunca pisou em São Januário e só tinha ido ao Maraca três vezes, todas elas em jogos do Fla, arrastada pelo namorado.

Ele é apaixonado pelo rubro-negro, mas nunca teve problemas em assumir que a torcida vascaína também é uma das mais incríveis do país. Sua paixão pelo Templo Sagrado do futebol também é enorme e, se dependesse do rapaz, ele estaria lá em todos os jogos, mesmo que não fossem de seu time. Por isso, não viu problemas em ficar no meio dos vascaínos com sua namorada.

Ela sempre foi vascaína, mas antes, era uma torcedora que não ligava tanto. Até que conheceu Gustavo, fanático, que vive e respira futebol, e a levou para este fascinante caminho.

Faltava à Marcela a certeza de que este amor pelo Gigante da Colina era realmente tão intenso quanto ela expressava. Para isso, precisava ver seu time no estádio. O que ela sentisse, ali, daria a resposta.

O Vasco tinha perdido, em Goiânia, por 2 x 1. Então, no Maraca, uma vitória simples bastava. Porém, caso houvesse gol do Goiás, a vantagem de 1 gol já não seria suficiente.

Eles chegaram atrasados e perderam o primeiro gol do jogo. Quando enfim conseguiram entrar, o placar já apontava 1 x 0 para o Gigante. Mal acharam seus lugares e Thales soltou um balaço pra fazer 2 x 0. Ia tudo conforme o desejado, como o vascaíno mais otimista esperava.

Mas aí Wálter, o gordinho, acertou um passe milimétrico e Hugo mandou pra rede, diminuindo pra 2 x 1 e mandando então o confronto para os pênaltis.

Silêncio.

A ficha demorou a cair, mas quando caiu, os vascaínos perceberam que o que estava perfeitamente encaminhado para a classificação, em um lance, virou igualdade. Aí passaram a temer pelo pior.

E o pior aconteceu.

Veio o segundo tempo, e num lance de sorte, Amaral contou com um desvio no meio do caminho e empatou a partida. Resultado de 2 x 2, que levava o Goiás às semis. Naquele momento, pelos gols fora, o 3 x 2 já não servia ao Vasco da Gama. Eram necessários mais dois gols, não só um.

E depois de muito tempo pressionando, o baixinho Willie foi à área e mandou de cabeça pro fundo da rede, dando esperanças àqueles 36 mil presentes: 3 x 2.

Faltavam ainda uns 15 minutos e o Cruzmaltino precisava de um gol. Marcela, a mais nova fanática, tremia e chorava de nervosismo. Gustavo, o namorado flamenguista, tentava consolar a menina e admirava o belo jogo que acontecia diante de seus olhos.

Ele não dava uma de falso dizendo que estava torcendo pro Vasco, mas também não secava, porque por superstição, não gostava de escolher adversário, já que o classificado dali enfrentaria seu amado Flamengo na semifinal.

Depois de tantos chuveirinhos pra área, o Vasco, que tinha Juninho em campo, conseguiu uma falta na meia lua da grande área, aos 45 do segundo tempo. Era o momento do jogo. Se Juninho acertasse o pé, como de costume, o Vascão iria para as semis. Se errasse, já era.

Por ser Juninho na bola, os vascaínos ficaram com os olhos brilhando, sabendo que a chance era enorme e que eles estavam perto de conseguir o objetivo.

Até que o juiz autorizou a cobrança, o Maracanã ficou em silêncio e o lance pareceu passar em câmera lenta.

Marlone, Willie, Juninho... pra fora.

E depois de alguns minutos de acréscimo, a partida chegou ao fim, assim como a participação do time de Marcela naquela Copa do Brasil.

Todos aplaudiram o esforço da equipe, mas saíram dali tristes, pois não haviam conseguido. Ela estava com os olhos molhados de lágrimas, mas por também reconhecer o esforço, sorriu.

Sorriu também por saber que a partir daquele momento, o futebol faria parte de sua vida. Mas o principal motivo do sorriso era a certeza: "Eu amo o Vasco da Gama".

Gustavo, então, saiu feliz. Não pela eliminação do Vasco, pois sabia que o Goiás também seria um adversário dificílimo pro seu time, mas pela realização de um sonho: sua namorada se tornava, assim como ele, fanática por futebol.

A partir daquele dia, Marcela vibra ou chora com todos os jogos do Gigante da Colina. Em muitos deles, chama o namorado pra ver junto. Ele, apaixonado pelo Maraca, se ofereceu e ainda a levou em mais dois jogos da equipe no Brasileirão.

Hoje, ver futebol é um dos programas preferidos pro casal. Eles já foram mais ao estádio do que ao cinema, por exemplo.

O Vasco não passou pelo Goiás e foi eliminado da Copa do Brasil.

No fim da temporada, ainda foi rebaixado para a Série B.

Isso passa, já já ele estará de volta.

Mas ganhou Marcela, o coração da menina e a certeza de um novo caso de amor.

E isso fica pra sempre.

@_LeoLealC

2 comentários:

  1. Ganhou uma fanática, pena que foi pro lado errado, mas valeu assim mesmo, Show

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  2. Essa Marcela é muito sortuda por ter o Gustavo e o Gigante rsrs

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