30 setembro 2015

Porque sim


Existem coisas no futebol que não se explicam. Elas fazem com que você, mesmo não se apegando a qualquer religião, busque justificativas em crenças ou qualquer lógica que fuja do plano material.

Seja sincero, vascaíno: quando viu seu time estacionado nos 13 pontos durante tanto tempo, sem sequer fazer gols, sofrendo uma goleada a cada três rodadas, você acreditava?

Tá, eu sei que você postou #EuEscolhiAcreditar no Facebook, disse que "enquanto houver 1% de chance, terá 99% de fé", vestiu a camisa, viu todos os jogos, até foi ao Maracanã, etc. Mas estou falando de confiar, esperar algo em troca de toda esta fé. O amor pelo Vasco vos fez torcer por um milagre, o que é diferente de vislumbrar uma possibilidade real de que ele aconteça.

Você sentia dor nas pupilas ao ver a tabela e ia se conformando angustiantemente.

"Não dá mais. Só Deus tira o Vasco desta lama".

Porque o Vasco não precisava só de uma rodada. Nem duas, nem três. A recuperação deveria ser homeopática, o que exigiria regularidade de um time que só era competitivo - e competente - em clássicos.

Até que, de repente, ele consegue 13 pontos em 15 disputados. Os mesmos 13 antes conquistados nos primeiros 69 em disputa. Agora, são cinco pontos pra sair, tendo dois confrontos diretos em sequência.

Não, argumentação com base única e exclusivamente tática não irá me convencer. Jorginho não é um gênio e, com o mesmo time, tomou 6 do Inter, 3 do Goiás e perdeu pro Figueirense em casa. Nenê, principal contratação, estava presente nas três partidas.

Acontece que o pé adversário, que cortava um chute do tal ataque inoperante, resolve desviar a trajetória e enganar o arqueiro. O chute mal feito agora tem rebote, sozinho, na pequena área. Aquele zagueiro encostado resolve subir e fazer o gol da vitória.

A bola, que antes pairava a trave, decide entrar mesmo quando bate na mão do goleiro.

O ditado diz que a sorte acompanha os competentes. Mas, às vezes, ela cisma com alguém para brindar e inverte tal lógica. Neste caso, até para se desculpar.

Antes no inferno, o Vasco agora vê tudo estranhamente dar certo para o seu lado. E o santo desconfia.

"Por que tanta esmola?"

Porque sim, ué.

Não desconfie. Acredite. Agora, há motivos.

Por que o time de Romário, Viola, Edmundo, Juninhos, Pedrinho e Felipe tinha tantas dificuldades com o arquirrival, mas o de Andrezinho, Rodrigo e Rafael Silva transformou 2015 numa freguesia rubro-negra?

Por que um ano tão doloroso pode, do nada, se transformar numa virada histórica com um milagre homeopático e gostinho de chamar o rival de freguês?

Porque Deus quis. Ponto.

Considerando que não haviam mais ateus ao olhar aquela assombrosa classificação há 30 dias, é a interpretação mais aceitável e justa.

Ah, perguntaram a Ele quem merece ficar na Série A.

E não precisa saber o porquê para perceber que a resposta está clareando.

@_LeoLealC

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